Por Julliana Martins
São Paulo, 06/08/2021 - O presidente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), Erasmo Battistella, ressaltou que "seria interessante reduzir a exportação de soja e aumentar o processamento". Na avaliação dele, o País ganharia mais utilizando a oleaginosa como matéria prima para exportar produtos de maior valor agregado, como a carne. O executivo participou, ontem (5), de painel do segundo dia da 2ª edição do Datagro Abertura de Safra Grãos - soja, milho e algodão, realizada de forma online.
Em relação ao biodiesel, Battistella comentou que o momento complexo, de alta de preços das commodities, afetou o setor do biocombustível, que sofreu uma redução no teor da mistura do biodiesel no diesel. Em julho, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) reduziu pela terceira vez consecutiva o mandato B13 para B12, que deveria estar em vigor desde março.
Battistella, porém, afirma ter uma expectativa de que no próximo leilão de biodiesel o mandato B13 seja retomado, favorecendo a produção do biocombustível. "Neste ano, prevemos uma produção de cerca de 7 bilhões de litros de biodiesel. Se estivéssemos com o B13, inclusive, superaríamos essa marca", afirmou no evento. E acrescentou: "Se formos a B20 podemos chegar a 20 bilhões de litros nos próximos anos."
Ele comentou, ainda, que no pleito da Aprobio ao governo está um mecanismo de previsibilidade de estoques de grãos, justamente para que o setor entenda o quanto de soja está sobrando para o mercado doméstico.
Além disso, mencionou a importância e os ganhos que trará a instalação de uma cadeia de biocombustíveis avançados, com o SPK, o Green Nafta e o Diesel Verde (HVO). "Defendemos que o Brasil aprove marco legal do Diesel Verde (HVO)", disse, ao afirmar que o HVO é um produto puro, oriundo de biomassa e substituto direto do diesel fóssil.
"Temos que adotar novas tecnologias que estão chegando, se não vamos ficar para trás. E se tem uma coisa que não podemos nesse mercado é ser ultrapassados", afirmou no evento.
Battistella também acrescentou que é a favor da entrada de partes não obrigadas na negociação dos créditos de descarbonização (CBIOs), no âmbito do programa RenovaBio. "Isso vai ser bom até para regular o mercado e elevar os preços do nosso CBIO, que está muito baixo, em torno de US$ 7."
contato: julliana.martins@estadao.com
