Por Clarice Couto
São Paulo, 16/03/2023 - A Cargill, em parceria com a Belterra, empresa especializada em sistemas agroflorestais, pretende restaurar mil hectares de terras degradadas em Mato Grosso, no bioma amazônico, por meio do plantio de cacau em sistemas agroflorestais. Para tanto, deve investir em torno de R$ 33 milhões, incluindo financiamentos de longo prazo feitos pela empresa e pelo Banco Cargill, utilizando instrumentos como Cédulas de Produto Rural Verde (CPR-Verdes) e Cédulas de Produt.o Rural Financeira (CPR-F). Para recuperar a área, a estimativa é de que sejam cultivadas quase 1 milhão de mudas de cacau e outras espécies florestais, segundo comunicado da Cargill.
A parceria prevê a compra do cacau produzido pelas fazendas onde a Belterra opera e uma operação de barter pela qual serão fornecidos insumos agrícolas aos agricultores em troca de parte da produção de cacau. A iniciativa ajudará a Cargill a cumprir o compromisso assumido de restaurar 100 mil hectares de áreas degradadas nos próximos cinco anos.
"A Cargill acredita que a agricultura pode ser parte da solução e essa parceria com a Belterra é um exemplo de como estamos entregando suporte financeiro inovador para que os produtores invistam cada vez mais em agricultura regenerativa", afirma no comunicado o diretor-geral de Alimentos e Ingredientes da Cargill na América do Sul, Laerte Moraes.
O geógrafo e fundador da Belterra, Valmir Ortega, explica que a empresa estrutura sistemas agroflorestais para que sejam adaptáveis às demandas do mercado e também alinhados aos interesses dos produtores. "A capacidade de venda da produção é um fator crítico para o sucesso da expansão dos sistemas regenerativos, por isso nos envolvemos em todas as etapas: pesquisa, plantio, e desenvolvimento de cadeias", diz. Pela parceria com a Cargill, a expectativa é de que a produção abasteça o mercado interno e externo.
O cacau é uma cultura nativa da Amazônia e, por isso, totalmente adaptado ao clima da região, o que favorece sua produtividade, lembra a Cargill no comunicado. É o carro-chefe de sistemas agroflorestais justamente por permitir a adoção de práticas sustentáveis, rastreabilidade e ter relevância comercial, além de manter a umidade no solo da floresta, fertilizá-lo, protegê-lo e mitigar riscos de erosão.
"Sistemas agroflorestais com cacau possuem alta capacidade de estoque de carbono e, portanto, podem ser também uma importante estratégia para compensação da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE). Além disso, ajudam a enfrentar os desafios no abastecimento interno de cacau, já que ainda é preciso importar amêndoas para suprir nosso mercado", argumenta a empresa.
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