Agronegócios
07/04/2021 08:13

Soja/Agroconsult: produção em 2020/21 deve atingir 137,1 milhões de toneladas (+8,5% ante 2019/20)


Por Leticia Pakulski

São Paulo, 07/04/2021 - A consultoria Agroconsult revisou para cima a sua previsão de produção de soja do Brasil em 2020/21 para 137,1 milhões de toneladas, após ser concluída a etapa dedicada à oleaginosa do Rally da Safra 2021. O volume representa aumento de 8,5% ante o ciclo anterior. Em fevereiro, a consultoria já havia revisado para cima a projeção de colheita para 134 milhões de toneladas. A previsão pré-Rally era de 132,4 milhões de toneladas. Os números foram apresentados ontem (6) em entrevista coletiva.

A área plantada no Brasil foi estimada em 38,6 milhões de hectares, um incremento de 4,4% ante o ciclo anterior, e a produtividade, em 59,3 sacas por hectare, contra 57 sacas/hectare em 2019/20. Área, produtividade e produção foram recordes, segundo a Agroconsult.

"Todas as regiões do País passaram por algum problema climático", disse o coordenador do Rally da Safra, André Debastiani. Entre os principais Estados produtores, Mato Grosso deve ter rendimento médio de 57,9 sacas/ha, ante 60 sacas/ha na safra anterior. "Se o problema no início da safra foi falta de chuva, na colheita a questão foi o excesso dela", afirmou. Além de Mato Grosso, também foram afetados por excesso de chuva na colheita o norte de Mato Grosso do Sul e o sudoeste de Goiás.

Já o Rio Grande do Sul, que volta nesta safra a ser o segundo maior produtor de soja, o rendimento deve totalizar 57,9 sacas/ha, contra 37,1 sacas/ha em 2019/20. O Paraná, terceiro maior produtor, deve colher 61 sacas/ha, contra 63,8 sacas/ha em 2019/20. "Junto com Mato Grosso, oeste e norte do Paraná foram as regiões que tiveram clima mais irregular, com atraso histórico no plantio da soja e de colheita." Já o sudoeste do Paraná e a região dos Campos Gerais tiveram boas condições na temporada e "muitos produtores estão registrando recordes", segundo Debastiani.

A Agroconsult ressaltou, ainda, que a Bahia foi o destaque positivo do ano-safra, com 67 sacas por hectare, ante 63,3 sacas/hectare no ciclo anterior, tendo recebido chuvas "no limite" e boa luminosidade durante o ciclo.

Segundo o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, o Rio Grande do Sul foi uma surpresa positiva principalmente por se tratar de ano de La Niña. "A safra termina com boas surpresas de Bahia e Sul do País, não só do Rio Grande do Sul, mas SC também." Segundo o representante, apesar do clima desafiador, a safra atual é prova "da capacidade técnica e operacional dos agricultores", que, segundo ele, estavam preparados em termos de parque de máquinas, treinamento de equipes e decisão de timing de entrada nas lavouras.

Exportação - A consultoria Agroconsult projetou exportação de 85 milhões de toneladas de soja em 2021, enquanto a exportação de milho deve totalizar 34,3 milhões de toneladas na temporada 2020/21, de fevereiro de 2021 a janeiro de 2022. "Na soja, com essa revisão para cima no número de produção que a gente viu agora no Rally, também revimos o nosso número de exportação prevista", disse o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa.

Segundo o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, o cenário para exportação de milho ainda é "muito preliminar". "Nunca vimos um atraso (na implantação da lavoura) tão grande. Nem em termos porcentuais, nem em termos de área que está sob risco", disse. Conforme o representante, o volume de exportação dependerá do tamanho da safrinha - por enquanto, a previsão é de 78,3 milhões de toneladas. Contudo, como muitas áreas foram plantadas fora da janela ideal, em caso de problemas de falta de chuvas e geadas precoces as lavouras podem sofrer prejuízos. "O cenário alternativo de milho poderia ser de produtividade mais baixa do que a projetada. E aí talvez tenhamos 70 milhões a 72 milhões de toneladas", disse. "O nosso cenário básico é de 78,3 milhões de toneladas, mas pode ser bastante frustrado. Se essa frustração acontecer, o ajuste vem na exportação", disse. "Temos milho para abastecer o mercado brasileiro. É um consumo de cerca de 70 milhões de toneladas."

Segundo Pessôa, mesmo com muito milho já negociado antecipadamente para exportação, o ajuste, caso a safrinha tenha problemas, ocorrerá principalmente nas vendas externas. "É lógico que parte do ajuste vem do consumo, porque os preços certamente subiriam ainda mais do que já subiram, e isso constrangeria uma parte do consumo. Você vai ter revisão dos alojamentos de aves e suínos, vai ter revisão para baixo do esmagamento para produção de etanol, mas o principal ajuste viria do volume a ser exportado."

A produção total de milho do Brasil é estimada pela consultoria em 103,3 milhões de toneladas. "Trabalhamos hoje com 34 milhões de toneladas para exportação e, se juntarmos a demanda de carnes, etanol e demais consumos, vamos para uma demanda perto de 105 milhões de toneladas. Ou seja, temos um ano corrente em que consumimos mais milho do que produzimos, e isso vai tirando dos nossos estoques", disse o coordenador do Rally da Safra, André Debastiani.

Contato: leticia.pakulski@estadao.com
Para ver esta notícia sem o delay assine o Broadcast Agro e veja todos os conteúdos em tempo real.

Copyright © 2024 - Todos os direitos reservados para o Grupo Estado.

As notícias e cotações deste site possuem delay de 15 minutos.
Termos de uso