Agronegócios
25/03/2021 17:50

Live Broadcast/CNA/Bruno Lucchi: já iniciamos reuniões sobre Plano Safra com Federações


Por Clarice Couto e Tânia Rabello

São Paulo, 25/03/2021 - O superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi, informou nesta tarde que a entidade já iniciou reuniões com as Federações de Agricultura para debater as propostas para o próximo Plano Safra, referente ao ciclo 2021/22. Lucchi participou, juntamente com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz de Araújo, da live promovida pelo Broadcast Agro com o tema "Crédito na safra 2021/22".

"Já iniciamos reuniões com Federações (da Agricultura), enviamos cartas, fizemos reuniões virtuais", confirmou Lucchi, acrescentando que na semana que vem a CNA deve lançar uma pesquisa mais direcionada aos produtores ligados à assistência técnica do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). "O Senar já assistiu mais de 140 mil produtores rurais, que têm demandas diferenciadas e acessam crédito rural principalmente por meio do Pronaf (voltado aos agricultores familiares) e o Pronamp (médios produtores)", disse.

Entre as discussões que estão ocorrendo nas Federações, Lucchi citou dois pontos "estruturantes": um é o spread bancário, ou o custo administrativo e tributário dos bancos para conceder crédito ao produtor rural. "Sabemos que tem um peso muito grande nos custos dos bancos, mesmo com os juros básicos da economia mais baixos", disse o representante da CNA. "Tem uma série de fatores que contribuem para isso, desde exigências de fiscalização por parte do Banco Central, até diferenças entre os bancos. Sabemos, por exemplo, que bancos cooperativos têm custos muito menores e também algumas linhas de investimento do BNDES", exemplificou.

"As linhas de investimento que deveriam ser mais caras são mais baratas que de custeio... Iniciamos essas discussões com o Ministério da Economia e da Agricultura para tentar reduzir esse custo num cenário de cobertor curto para dar eficiência à equalização no crédito rural, deixando o principal recurso ao produtor rural."

Outra medida estruturante é a questão da regulamentação internacional do crédito rural. Segundo Lucchi, todo setor econômico tem um fator de risco para que o banco possa emprestar o recurso. "O crédito rural representa 9% do crédito no Brasil, é muito importante. Porém, no mundo, ele não tem essa mesma importância. Então não temos fator de risco internacional como temos para outros fatores, como imobiliário que é pautado por Basileia", comentou. "Alguns bancos nos afirmam que justamente por não ter essa orientação internacional o crédito rural acaba sendo classificado como 'outros' - onde entra por exemplo o cartão de crédito, cujo fator de risco é 85%", continuou Lucchi. "No crédito imobiliário, por exemplo, o fator de risco é de 35%. Ou seja, no crédito rural o banco tem de guardar 3 vezes mais dinheiro para emprestar para o produtor."

Lucchi lembrou, porém, que o crédito rural tem algumas garantias, como seguro rural, o penhor de safra e tantas garantias que colocariam o setor em fatores menor de risco, em que o banco poderia emprestar muito mais e guardar muito menos. "Esta é uma das agendas que estamos discutindo desde o ano passado", contou Lucchi. Então, para Lucchi, é preciso dar eficiência ao crédito rural, pois o spread bancário "faz o produtor perder eficiência". Por isso, Lucchi também defende uma regulamentação mais detalhada do crédito rural.

Contato: clarice.couto@estadao.com e tania.rabello@estadao.com
Para ver esta notícia sem o delay assine o Broadcast Agro e veja todos os conteúdos em tempo real.

Copyright © 2024 - Todos os direitos reservados para o Grupo Estado.

As notícias e cotações deste site possuem delay de 15 minutos.
Termos de uso