Agronegócios
12/11/2018 10:35

Perspectiva: na CBOT, investidor monitora demanda por grãos dos EUA e cenário macroeconômico


São Paulo, 12/11/2018 - Investidores do mercado futuro de soja, milho e trigo na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciam a semana atentos a sinais de demanda pelos grãos dos Estados Unidos. Na semana passada, o Departamento de Agricultora do país (USDA) elevou suas estimativas de estoques finais na safra 2018/19 para as três commodities. Os volumes projetados vieram acima das projeções feitas por analistas. Fatores macroeconômicos, como as cotações do petróleo, também são monitoradas. Na última sexta-feira, o petróleo WTI para dezembro caiu abaixo de US$ 60 por barril na New York Mercantile Exchange (Nymex) durante o pregão, mas encerrou cotado a US$ 60,19 por barril (-0,79%).

No caso da soja, os contratos futuros encerraram o pregão em alta na sexta-feira, sustentados, em parte, pela redução das estimativas de produção e produtividade dos Estados Unidos divulgadas pelo Departamento de Agricultora do país (USDA) em seu relatório mensal de oferta e demanda. O vencimento janeiro subiu 7,75 cents (0,88%) e fechou em US$ 8,8675 por bushel. Mas analistas continuam enxergando espaço limitado para novas altas, dados os altos estoques projetados para os Estados Unidos ao fim da safra 2018/19.

Na última quinta-feira (8), USDA aumentou sua estimativa de reservas do país para 26 milhões de toneladas, contra 24,09 milhões no mês passado e também abaixo das 24,5 milhões previstas por analistas neste mês. As cotações devem continuar oscilando pouco, ainda pressionadas pela perspectiva de estoque amplo, mas suscetíveis a reações dependendo de dados relacionados à demanda pelo grão norte-americano - na quinta-feira, o governo americano informou que o volume vendido até 1º de novembro (388,4 mil toneladas da safra 2018/19, já descontados os cancelamentos) foi 16% maior que a média das quatro semanas anteriores, ainda que 2% menor que o exportado na semana superior. O cenário macroeconômico também não sai do radar, depois que petróleo WTI para dezembro caiu abaixo de US$ 60 por barril na New York Mercantile Exchange (Nymex) na sexta-feira.

Com relação ao milho, os futuros fecharam em queda na sexta-feira em Chicago depois de o governo dos EUA ter quase dobrado sua estimativa para estoques globais do cereal ao fim da temporada 2018/19, de 159,4 milhões para 307,5 milhões de toneladas. O mercado esperava uma redução para 158,6 milhões de toneladas. A previsão veio muito acima da expectativa porque incorporou ajustes recentes feitos pela China nos números de produção dos últimos dez anos. O país asiático não costuma divulgar dados de estoques.

Analistas da Allendale avaliam, porém, que o novo número de reservas globais deve ter impacto limitado sobre os preços, já que a China é conhecida por manter um controle rigoroso sobre seus estoques. "Existe mais chance de recuperação das cotações do milho do que da soja, porque o cereal não está no centro da briga comercial dos EUA com a China; a demanda pelo grão do país é mais pulverizada", ponderou Stefan Tomkiw, do Société Générale. Na sexta, o vencimento dezembro do grão recuou 3,75 cents (1%) e terminou em US$ 3,6975 por bushel.

Quanto ao trigo, os contratos futuros fecharam em baixa no último dia da semana passada, com a expectativa de amplos estoques mundiais do cereal. O USDA elevou sua previsão de 260,2 milhões para 266,7 milhões de toneladas, enquanto analistas esperavam uma redução para 259,3 milhões de toneladas. As condições favoráveis na região do Mar Negro também pesaram sobre os negócios. Segundo a empresa de meteorologia DTN, o clima mais seco na Rússia e na Ucrânia deve beneficiar o desenvolvimento da safra de inverno. Na CBOT, o vencimento dezembro do trigo recuou 5,75 cents (1,13%) e terminou em US$ 5,02 por bushel. Em Kansas City, igual vencimento do trigo duro vermelho de inverno caiu 9,75 cents (1,96%), para US$ 4,8750 por bushel.

Café: contratos caem 5% na semana
Os contratos futuros de café arábica apresentaram desvalorização de 5,16% (620 pontos) na semana passada na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), base dezembro de 2018. As cotações encerraram na sexta-feira (9), a 113,85 centavos de dólar por libra-peso. No período, os contratos marcaram máxima de 121,30 cents (sexta, dia 2) e mínima de 113,10 cents (terça, dia 6).

O Escritório Carvalhaes, tradicional corretora de Santos (SP), destaca em boletim semanal que as cotações continuaram o forte sobe-e-desce na semana passada, mas acabaram encerrando com perdas. "A alta da cotação do dólar frente ao real compensou parte das perdas na ICE", comenta Carvalhaes.

No mercado físico brasileiro houve resistência dos produtores em vender a preços mais baixos e os negócios que foram fechados tiveram preços praticamente nas mesmas bases dos da semana passada. "Estamos no auge da entrada no mercado da nova safra brasileira, de ciclo alto, e com a aproximação do fim do ano, quando as despesas crescem, os negócios vão sendo fechados apesar da resistência e indignação dos cafeicultores com as bases de preços", informa Carvalhaes.

Açúcar: mercado deve tentar retomar inclinação positiva
O mercado futuro do açúcar demerara na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) tenta reverter a queda das últimas sessões e a perda dos 13 cents por libra-peso no contrato março. Para isso, contará com a ajuda da atualização dos dados sobre a safra do Centro-Sul do Brasil até a quinzena final de outubro, a ser divulgada pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) às 11 horas. Os dados devem apontar novas reduções na moagem de cana e na produção de açúcar e etanol em comparação a igual quinzena do ano passado, em decorrência de chuvas constantes verificadas na região na metade final de outubro e com a oferta de cana já reduzida pelo avanço da colheita.

Na primeira quinzena do mês passado, usinas e destilarias do Centro-Sul processaram apenas 25,59 milhões toneladas de cana-de-açúcar, volume 21,32% menor que o total de 32,52 milhões de toneladas moído em igual período da safra passada. Por outro lado, pressão de baixa segue com o petróleo em queda, as constantes reduções nos preços da gasolina nas refinarias brasileiras, que superam 25% desde setembro, e o dólar firme, o que estimula exportações do adoçante.

(Clarice Couto, Tomas Okuda e Gustavo Porto - clarice.couto@estadao.com, tomas.okuda@estadao.com e gustavo.porto@estadao.com)
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