Agronegócios
04/05/2022 08:26

Marfrig registra lucro líquido de R$ 109 milhões no 1TRI22, queda de 61,1% ante 1TRI21


Por Sandy Oliveira

São Paulo, 04/05/2022 - A Marfrig Global Foods encerrou o primeiro trimestre de 2022 com lucro líquido de R$ 109 milhões, queda de 61,1% ante a soma de R$ 279 milhões registrado em igual período do ano passado, informou a companhia no início da noite de ontem (3). O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado teve avanço anual de 60,9%, para R$ 2,749 bilhões, ante R$ 1,708 bilhão em igual período do ano anterior. Além disso, a margem do Ebitda ficou em 12,3%. A receita líquida aumentou 29,6% nos primeiros três meses do ano, de R$ 17,236 bilhões em 2021 para R$ 22,341 bilhões em 2022.

De acordo com a empresa, a dívida líquida subiu 19,3%, de RS 17,747 bilhões para RS 21,168 bilhões no período. Dessa forma, a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado, passou de 1,76 vezes no primeiro trimestre de 2021 para 1,36 vez de janeiro a março deste ano. Em entrevista ao Broadcast Agro, o CFO Tang David disse que a queda no lucro líquido no trimestre reflete um efeito do investimento da companhia na BRF. “Esse é o principal fator”, aponta. Em janeiro, a companhia acompanhou o follow on da BRF e manteve sua participação de 33,27%, o que representou um novo investimento de R$ 1,8 bilhão em novas ações.

A operação América do Norte, capitaneada pela National Beef, foi, novamente, o destaque. O segmento alcançou nova marca histórica. De acordo com a companhia, em razão do incremento de 26,9% no preço médio total e do crescimento de 2,9% no volume de vendas no período. A unidade registrou receita líquida de R$ 15,8 bilhões (US$ 3 bilhões) no primeiro trimestre, avanço de 30,6% em relação a igual período do ano passado, quando a receita foi de R$ 12,7 bilhões. O Ebitda ajustado ficou em RS 2,2 bilhões (US$ 453 milhões), alta de 63,4%. Além disso, o lucro bruto avançou 59,5% ante o ano anterior, para US$ 538 milhões (R$ 2,8 bilhões).

A National Beef ainda representa 71% da receita líquida total da Marfrig e de 87% a sua participação no Ebitda consolidado. “Vivemos um trimestre de crescimento robusto. A demanda permanece forte e o cenário é de aumento do preço também no mercado internacional”, diz o CEO da Operação América do Norte da Marfrig, Tim Klein.

A Operação América do Sul, que engloba Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, registrou receita líquida de R$ 6,5 bilhões na região, avanço de 41,2% na comparação anual. A empresa destaca que o desempenho é consequência do maior preço médio total de vendas em 27,2% e no aumento do preço médio de exportações, que, mesmo medido em dólares, avançou 37,1% entre os períodos. “Os indicadores mostram sinais de recuperação do mercado, tanto em volume quanto em preços”, afirma o CEO da América do Sul, Miguel Gularte. “Estamos preparados para capturar todas as oportunidades que surgirem no cenário.” O Ebitda ajustado do segmento avançou 94,9%, de R$ 211 milhões para R$ 410,5 milhões. A margem subiu 175 pontos-base na mesma base comparativa, para 6,4%.

China - Ausente das compras de carne bovina brasileira de setembro a dezembro de 2021, a China voltou ao mercado com mais apetite do que antes, disse em entrevista o CEO da Operação América do Sul da Marfrig, Miguel Gularte. “A demanda reprimida da China veio com força no primeiro trimestre de 2022. E, nesse caso, como a Marfrig tem o maior número de plantas habilitadas para exportar para a China, ela capitaliza essa vantagem”, afirmou. Ele acrescenta que a China corresponde a quase 70% das exportações brasileiras, e 85% de Argentina e Uruguai.

Segundo o executivo, o ano começou totalmente diferente para a América do Sul em relação ao primeiro trimestre de 2021, com o abate brasileiro crescendo 9%, enquanto o abate da Marfrig avançou 20% no mesmo período. “O abate da empresa cresce o dobro do Brasil. Na América do Sul, quando se soma os três mercados (Argentina, Uruguai e Brasil), é de 6% (no volume de abates) e o da Marfrig é de 19%”, diz. Ele observa que, com a ausência da China no fim de 2021, o gado que chegou aos frigoríficos neste início de ano foi de melhor qualidade, pois teve tempo para uma melhor terminação. “Vem ao mercado com bastante qualidade”, aponta.

Para 2022, Gularte avalia que a oferta de gado deverá ser “abundante”. Quanto às exportações, ele acredita que devem se manter aquecidas. “Estamos direcionados para atender a demanda chinesa, que se mostra constante e com preços crescentes”. No Brasil, a Marfrig vai continuar apostando no mix de produtos com maior valor agregado para atenuar o cenário adverso de consumo. "Neste trimestre produzimos o dobro de carnes de marca do que o ano anterior, e (esta) deve continuar a ser a tônica de 2022”, disse. “Nada indica que vai se ter mudanças agudas neste cenário.”

Contato: sandy.oliveira@estadao.com
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