Agronegócios
19/06/2017 10:55

Perspectiva: mercado de grãos na CBOT continua atento ao clima nos Estados Unidos


São Paulo, 19/06/2017 - O clima nas regiões produtoras de grãos nos Estados Unidos continua no radar dos participantes da Bolsa de Chicago (CBOT, na sigla em inglês). Na sexta-feira, a avaliação de que a oleaginosa pode também perder qualidade, a exemplo do trigo, por causa da estiagem em áreas de produção no norte do país, deu suporte às cotações. Previsões desencontradas sobre a possibilidade de chuva no fim de semana, porém, deixaram os operadores de sobreaviso e qualquer sinal de mais umidade deve provocar um rápido reposicionamento. Os dados sobre as condições das lavouras de grãos norte-americanas, do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) só saem hoje à tarde, depois do fechamento de Chicago.

O mercado de milho deve continuar sustentado, acompanhando o desempenho do trigo. Na sexta, os preços subiram a despeito da previsão de temperaturas mais amenas e chuvas para este fim de semana no Meio-Oeste dos EUA. Entre outros fatores, o cereal ganha força com o recuo do dólar no mercado internacional e a alta do petróleo. O enfraquecimento da moeda norte-americana torna commodities produzidas nos EUA mais atraentes para compradores estrangeiros. Já o avanço do petróleo melhora a competitividade relativa do etanol, que é feito principalmente com milho nos EUA.

Já o mercado de trigo pode se manter positivo, já que investidores estão apostando que o clima quente e seco registrado no norte das Grandes Planícies dos EUA recentemente vai limitar a produção de cereal de primavera. Como a área semeada já é a menor em anos, problemas climáticos durante o desenvolvimento das lavouras podem resultar em oferta apertada, apesar dos amplos estoques.

Na segunda-feira passada, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) disse que 45% da safra de primavera apresentava condição boa ou excelente até a semana passada, uma piora de 10 pontos porcentuais ante a semana anterior.

Café: mercado deve manter tendência baixista
Os contratos futuros de café arábica voltaram a marcar níveis mínimos na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) na sexta-feira. O mercado acumula desvalorização de cerca de 4% só neste mês, base setembro/17, agora o mais líquido. Nos últimos 12 meses, a perda acumulada alcança cerca de 16%.

Os fundos de investimento continuam apostando em queda das cotações. Na semana encerrada em 13 de junho, os fundos estavam com saldo líquido vendido de 30.665 lotes, em comparação com 27.011 lotes no dia 6 de junho, mostrou na sexta-feira o relatório da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês), com posicionamento de traders.

O Escritório Carvalhaes, tradicional corretora de Santos (SP), destaca em boletim semanal que a primeira frente fria mais forte, no fim de semana passado, sobre os cafezais do Sudeste brasileiro em 2017 não prejudicou as lavouras, apesar de a temperatura ter se aproximado de zero em regiões mais altas. "Além do início do período de frio, o que tem preocupado cafeicultores e operadores de mercado é o fato de O País estar enfrentando mais uma entrada de safra com chuvas fora de hora atrasando os trabalhos de colheita e prejudicando a qualidade do arábica", diz Carvalhaes. Segundo a corretora, é cedo para se ter um quadro da qualidade média da safra brasileira 2017/2018, mas é bastante provável que mais uma vez o País terá um volume menor que o necessário para suprir as exportações de cafés diferenciados.

Carvalhaes acrescenta que os contratos futuros de café arábica acumularam uma perda de 300 pontos, base julho, nos últimos 7 dias. Em plena entressafra e prejudicado pelo feriado de Corpus Christi, o mercado físico brasileiro permaneceu calmo e desinteressado. Os cafeicultores estão voltados para os trabalhos de colheita da nova safra e os que ainda têm lotes da safra corrente 2016 não mostram disposição em vender nas bases oferecidas pelos compradores. "Os lotes da nova safra 2017 que chegam ao mercado ainda são pequenos, com muitos verdes e quebra grande no preparo", conclui Carvalhaes.

Açúcar: contratos caem 5,4% em sete dias
Os contratos futuros de açúcar demerara na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) despencaram 5,4% (84 pontos) nos últimos sete dias, base outubro/17. O mercado está nos níveis mais baixos em cerca de um ano e meio e, na sexta-feira passada, registrou a sexta queda consecutiva. Entre outros fatores, o fortalecimento do dólar ante o real, o avanço da colheita de cana no Brasil e revisões no balanço global entre oferta e demanda pelo produto pressionam as cotações.

O dólar à vista, só este mês, acumula alta de cerca de 1,5% em comparação com o real. Nos últimos 30 dias, o fortalecimento da moeda norte-americana atinge perto de 6%. A cautela dos investidores com o ambiente político brasileiro explica boa parte da valorização do dólar. O depoimento do doleiro Lúcio Funaro à Polícia Federal agrava a situação do presidente Michel Temer e os investidores aguardam a possível delação do deputado afastado Eduardo Cunha.

Outro fator baixista é o relatório da Organização Internacional do Açúcar (OIA), apresentado no início deste mês, o qual pela primeira vez trouxe estimativa para a safra 2017/18 (outubro - setembro). A OIA prevê superávit de cerca de 3 milhões de t, em comparação com déficit de 6,5 milhões de t no período atual 2016/17.

(Clarice Couto, Jane Miklasevicius e Tomas Okuda - clarice.couto@estadao.com, jane.miklasevicius@estadao.com e tomas.okuda@estadao.com)
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