São Paulo, 19/06/2017 - As revisões para baixo das projeções do Produto Interno Bruto (PIB)do ano que vem, conforme o Relatório Focus do Banco Central, vêm na esteira dos acontecimentos políticos que afetaram a capacidade do governo em aprovar reformas, explicou ao Broadcast o economista da GO Associados Luiz Castelli. "Há um mês, o mercado projetava 2,5% de crescimento do PIB em 2018, agora, a cada semana, tem reduzido 0,1 p.p. Esse corte reflete a dificuldade política de aprovação das reformas, que gera um impacto negativo no médio prazo", afirmou. No Focus desta semana, a estimativa de crescimento do PIB do ano que vem passou de 2,30% na semana passada para 2,20%.
O corte na projeção de PIB para este ano, de 0,41% no relatório anterior para 0,40%, "mais marginal", indica que o efeito do impasse em torno das reformas é menor, comentou Castelli. "Algumas das condições para este ano já estão relativamente dadas. O BC continua com espaço para reduzir juros e mantemos nossa projeção de Selic a 8,5% no fim do ano. Além disso, os indicadores antecedentes de maio sugerem que a retomada continue no mês. Talvez para junho o resultado venha negativo", afirmou.
O mercado também reduziu, em grau mais elevado, a projeção para a produção industrial em 2017, passando de 0,94% na semana passada para 0,60%. "O mercado ficou um pouco mais pessimista. Há um mês, a projeção era de 1,3%. Ainda mantenho uma projeção de alta de 1,7% no ano, puxada pelos segmentos de bens de capital e bens duráveis, mas claro que um cenário de menor confiança pode atrapalhar o desempenho destes setores, que mais sofreram desde 2014", disse o economista. (Caio Rinaldi - caio.rinaldi@estadao.com)
