Agronegócios
15/09/2022 08:22

RenovaBio: após pressão do setor, MME decide discutir medida provisória só após as eleições


Por Gabriela Brumatti

São Paulo, 15/09/2022 - Integrantes do setor sucroenergético afirmam que o Ministério de Minas e Energia (MME) decidiu adiar, para depois das eleições, as discussões para publicação de uma medida provisória (MP) que alteraria regras do programa brasileiro de estímulo aos biocombustíveis, RenovaBio. A mudança de planos ocorreu após diversas entidades se posicionarem de maneira contrária a algumas das sugestões feitas pela pasta e pedirem por mais participação do setor nas decisões do governo.

Segundo fontes presentes em uma reunião com o MME, na última segunda-feira (12), o ministro Adolfo Sachsida se comprometeu a enviar a medida para aprovação apenas após uma discussão mais aprofundada com o setor. Para isso, o MME teria criado um Grupo de Trabalho para que organizações contribuam com alterações do programa.

Na sexta-feira (9), 20 entidades do setor sucroenergético afirmaram que as mudanças propostas pela pasta "desvirtuavam" o projeto. Em carta endereçada ao ministro, o setor ainda dizia não ter participado de quaisquer discussões sobre as medidas elaboradas pelo MME e apresentadas no dia 1º de setembro. Entre outros pontos, a MP desejava incluir novos produtos no RenovaBio, transferir a parte obrigatória de compra dos títulos de distribuidores para produtores de combustíveis fósseis e sugeria a regulação dos ativos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O presidente da Datagro, Plinio Nastari, afirmou que todos os episódios que criam insegurança regulatória geram instabilidades no programa e risco de abalos estruturais. "Toda concepção do RenovaBio foi feita com base no mecanismo de precificação do carbono em mercado e não através de uma deliberação de uma autoridade", reforçou.

Antes da suspensão, Nastari classificou a ação do MME como "intempestiva e inapropriada". "Ao mesmo tempo você vê que o governo, por meio do ministro (da Economia) Paulo Guedes, verbalizar que a eletrificação mais sustentável é aquela com o uso do etanol, esse tipo de visão (do MME) não estaria de acordo com a estruturação do maior programa mundial de descarbonização na área de energia para transporte", afirmou o presidente da Datagro.

Na última sexta-feira (9), o diretor executivo da Frente Parlamentar Mista do Biodidesel (FPBio), João Henrique Hummel, disse que decisões sobre o tema estavam ocorrendo de forma unilateral pelo MME e que as medidas dificultavam o entendimento do setor de se o governo era favorável ou não à descarbonização. "Qual é a posição do governo?", questionou Hummel.

A reportagem procurou o MME, mas não obteve retorno até a publicação desta nota.

Contato: gabriela.brumatti@estadao.com
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