Agronegócios
28/07/2021 13:26

Caminhoneiros: com atos pontuais pelo País, sindicatos reavaliam participação nas manifestações


Por Isadora Duarte

São Paulo, 28/07/2021 - No quarto dia de manifestações pontuais pelo País, sindicatos que representam caminhoneiros autônomos reavaliam a participação no movimento. Entidades como o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam) e o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Carga a Granel de Santos, Cubatão e Guarujá (Sindgran), que aderiram à paralisação na tarde de ontem, já consideram deixar os atos e restabelecer as atividades. As informações foram repassadas pelos líderes das entidades ao Broadcast Agro.

O presidente do Sindicam, Luciano Santos, disse que a entidade propôs aos transportadores autônomos uma "trégua" a partir das 13h desta quarta-feira. "Estamos pedindo que as atividades voltem ao normal e que tentaremos solucionar as pautas por meio de diálogo. Depois, caso não sejam atendidas, podemos retomar a organização de uma possível greve", afirmou Santos. Ele destacou que o sindicato está em reunião neste momento com os associados e a decisão da trégua ainda está sendo definida. O Sindicam estima que 150 transportadores autônomos filiados à entidade participam dos protestos, com os caminhões parados nas margens das rodovias e em estacionamentos, sem interdições no trânsito. "Entendemos que precisamos ganhar essas pautas no diálogo, por isso, pedimos a suspensão das manifestações", afirmou.

A ideia, segundo Santos, é estabelecer um prazo para o governo federal e entidades competentes responderem sobre o atendimento das demandas da categoria. "Acionamos ontem o Ministério da Infraestrutura e repassamos os pedidos da categoria. Ainda vamos estipular um prazo para que respondam às nossas reivindicações", disse o presidente do Sindicam. Transportadores rodoviários ligados aos terminais portuários da Baixada Santista pedem a instalação de um posto fixo da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) no Porto de Santos para fiscalizar o pagamento do frete mínimo pelas empresas que atuam no cais. O atual valor do óleo diesel e a falta de cumprimento do piso mínimo do frete rodoviário também são citados entre as reclamações dos transportadores, segundo o presidente do Sindicam da região.

O Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Carga a Granel de Santos, Cubatão e Guarujá (Sindgran), que movimenta basicamente grãos e fertilizantes, também reavalia participação nos atos. Desde que aderiu à paralisação na tarde de ontem, o Sindgran fala em apoio "parcial" que seria rediscutido em reunião interna com a diretoria do sindicato nesta manhã. "Estamos fechando a posição de que vamos voltar ao trabalho às 13h. Não tem fundamento continuar a paralisação", disse o presidente do Sindigran, José Cavalcanti de Andrade. Segundo ele, a assembleia do sindicato ainda está sendo finalizada. "Entendemos que têm causas que temos o direito de lutar, mas primeiro queremos conversar, reunir todos argumentos e tentar todas as negociações possíveis para depois partir para um movimento", apontou Andrade. Segundo ele, a orientação do Sindigran é de que seus 1,15 mil motoristas associados mantenham os veículos estacionados nos pátios, sem interdição de rodovias, até o novo posicionamento da entidade.

No Porto de Santos, o tráfego rodoviário continua normal, informou a Autoridade Portuária de Santos (SPA), que administra o terminal, em nota enviada à reportagem. A SPA disse que a entrada e a saída de caminhões no terminal portuário segue normal na manhã desta quarta-feira. "Devido ao clima chuvoso, é preciso maior cuidado por parte dos motoristas. As vias portuárias permanecem sem interdições", disse a SPA. Na margem direita do terminal, há um grupo de cerca de dez manifestantes realizando protestos pacíficos na Avenida Augusto Barata (Alemoa), sem interferências no trânsito, de acordo com a autoridade portuária. Sobre os relatos de que há quatro navios atracados no cais carregados com fertilizantes aguardando caminhoneiros restabelecerem as atividades para descarga direita, a SPA afirmou que não foi solicitada operação para essas embarcações. "O desembarque fica prejudicado pelas condições climáticas (chuva)", justificou.

A paralisação nacional dos caminhoneiros é organizada pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC). O presidente do CNTRC, Plínio Dias, estima que os atos seguem em pelo menos 22 Estados do País e afirmou que a continuidade vai depender das respostas dos sindicatos da Baixada Santista. "Estamos aguardando a resposta dos motoristas de Santos", informou. Segundo Dias, a base mais forte da manifestação está na região. "Agora com novo aumento do diesel, deve continuar. Ontem, lá em Santos, o diesel estava em R$ 4,80/litro e agora está em R$ 5,26/litro", afirmou. Não há registros de reajuste oficial no preço do óleo diesel fóssil pela Petrobras.

Dias observou que os caminhoneiros não estão interditando as rodovias e destacou que os protestos são realizados em piquetes nas margens das estradas e em postos de combustíveis. "A situação do movimento continua a mesma com paralisação pacífica. Caminhoneiro para e estende faixas no pátio de estacionamento ou em posto. Desde o início, a intenção não era trancar estradas", afirmou. Segundo Dias, há um descontentamento da categoria em virtude da recusa do governo de conversar com as lideranças. "O governo não está reconhecendo as lideranças dos caminhoneiros. Só reconhece meia dúzia que está lá", alegou.

Além da divisão da categoria quanto à continuidade do movimento, outro ponto que inibe a adesão dos caminhoneiros é o fato de que, por serem autônomos, a paralisação é vista por alguns transportadores como "dias de prejuízo". As empresas do setor de transporte não apoiaram os atos e mantêm o fluxo do transporte regular, o que também colaborou para o esvaziamento da manifestação. "Em 2018, as empresas também não aderiram, mas foram forçadas a parar porque estava tudo fechado", afirmou o presidente do CNTRC.

Contato: isadora.duarte@estadao.com
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