Agronegócios
17/09/2021 08:01

Tecnologia: diretor da John Deere diz que apenas 23% das áreas agrícolas têm alguma conectividade


Por Clarice Couto

São Paulo, 17/09/2021 - A agropecuária brasileira tem um longo caminho a percorrer até apresentar conectividade na maior parte de suas lavouras, apontaram executivos de fabricantes de máquinas agrícolas durante o evento Esfera Debate, promovido ontem (16) pela empresa Esfera BR. O diretor de Inovação e Tecnologia da John Deere, Rodrigo Bonato, destacou que apenas 23% das áreas agrícolas têm hoje alguma conectividade, segundo dados do Ministério da Agricultura. "Outro estudo do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) mostrou que 89% das sedes das fazendas de Mato Grosso têm conexão hoje, mas só 3% do território agrícola do Estado está coberto com sinal 3G ou 4G", afirmou Bonato. "Há um caminho longo para esta parte da economia tão pujante do País (o agronegócio) ter conectividade", continuou.

Bonato explicou que há desafios para que produtores rurais tenham conectividade nas áreas de lavouras e adotem novas tecnologias. Um deles é o alto custo para contar com internet em áreas de plantações. Outro é o fato de algumas plataformas e softwares não serem "amigáveis" e de fácil uso pelo produtor, ainda que os agricultores brasileiros, com idade média mais baixa que os norte-americanos, sejam propensos à adoção de tecnologias. "Temos (a John Deere) 45 mil máquinas com modens prontos para serem conectados, e mais da metade não está conectada por falta de conexão."

O diretor-geral da AGCO América do Sul, Rodrigo Junqueira, que também participou do debate, apontou a necessidade de mais capacitação de funcionários e operadores de máquinas para utilizarem todo o potencial das soluções digitais. Junqueira destacou ainda os efeitos que o leilão do 5G trará ao agronegócio brasileiro. "No curto prazo, o leilão do 5G acelera a implementação do 4G em estradas federais e áreas rurais", ressaltou.

Junqueira chamou a atenção não só para a importância de ter conectividade no campo, mas também para sua qualidade e estabilidade. O executivo disse que cada vez mais as empresas, bancos e outros agentes que atuam no agronegócio enfrentarão o desafio de falar não mais de produtos e dispositivos físicos, mas de soluções "intangíveis", digitais, e dos benefícios que podem trazer para a atividade.

Junqueira comentou, ainda, que a companhia tem adotado estratégia para atender a clientes cada vez mais de forma verticalizada. Neste mês, a empresa anunciou a aquisição da espanhola Faromatics, empresa de robótica e automação que atua no segmento de proteína animal.

Bonato, da John Deere, destacou que o 5G poderá tornar viável a "rastreabilidade completa" da produção brasileira de alimentos. "Temos de provar que os alimentos brasileiros são feitos respeitando os três pilares da sustentabilidade, econômico, social e ambiental.” Além de contribuir para a imagem do agronegócio nacional no mercado externo, por meio da rastreabilidade, a conectividade também traz maiores ganhos para os produtores, destacou Bonato. "Produtores com monitoramento em tempo real conseguem produzir 2 a 4 sacas/ha a mais", afirmou. "A cada 10% de aumento da produtividade, há um aumento de 3% no nosso PIB, conforme apontou estudo da Esalq", acrescentou.

Contato: clarice.couto@estadao.com
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