Agronegócios
10/01/2019 12:18

CBOT: grãos devem abrir em queda com falta de definição na relação comercial EUA/China


São Paulo, 10/01/2019 - Os contratos futuros de grãos devem começar a sessão desta quinta-feira no campo negativo na Bolsa de Chicago (CBOT), puxados pelo pessimismo dos traders quanto às relações comerciais entre Estados Unidos e China. Investidores esperavam um forte avanço na relação entre os dois países, após três dias de diálogos intensivos entre as delegações das duas potências.

Na contramão do esperado pelo mercado, após o fim da série de reuniões, tanto os EUA como a China publicaram comunicados sem apresentar acordos específicos e limitando-se a dizer que trataram de questões "comerciais" e "estruturais" e que permanecerão em contato para definir os próximos passos. O comunicado americano mostrou, ainda, que os setores de serviços e agricultura na China fizeram parte das tratativas. Para Pequim, as conversas "construíram a base para resolver preocupações mútuas".

Na soja, a expectativa de melhora na demanda externa com a redução dos embates entre EUA e China sustentou as cotações da oleaginosa nas últimas sessões. Traders haviam renovado o otimismo quanto a um progresso nas negociações entre os dois países, que não foi confirmado pelos governos envolvidos. Essa quebra de expectativa tende a pressionar as cotações da oleaginosa neste pregão.

As preocupações com a oferta do Brasil também continuam acompanhadas pelos agentes. Apesar da confirmação de uma quebra na safra 2019, a estimativa ainda é de uma produção recorde de soja brasileira. O terceiro prognóstico para a produção agrícola de 2019, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), projeta uma colheita de 233,4 milhões de toneladas de grãos, resultado 3,1% superior ao de 2018. Já a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma pequena redução de 0,4% na produção, atingindo 118,8 milhões de toneladas ante 119,28 milhões de t em 2017/18.

Do mesmo modo, o milho deve ter seus preços pressionados pela redução do otimismo do mercado de grãos. Desde que se iniciaram os conflitos comerciais entre China e EUA, investidores temem que, com as retaliações na soja, produtores tendem a expandir a área plantada com milho. Além disso, o recuo do petróleo também pesa sobre os ganhos do cereal, já que diminui a competitividade relativa do etanol, que nos EUA é feito principalmente com milho.

O trigo deve operar no campo negativo, com ausência de cereal norte-americano na nova licitação feita pela agência estatal de grãos do Egito, conhecida como Gasc. Traders disseram que o governo egípcio comprou 415 mil toneladas em licitação com entrega prevista para dois períodos, entre 20 e 28 de fevereiro e o segundo, entre 1º e 10 de março. Todas ofertas aceitas foram originadas da Rússia, o que sinaliza a continuidade das exportações do cereal pelo país.

No overnight, o vencimento março da soja recuou 5 cents (0,54%), a US$ 9,1900 por bushel. O milho para março perdeu 0,50 cent (0,13%), a US$ 3,8150 por bushel, enquanto igual vencimento do trigo caiu 1,50 cent (0,29%), a US$ 5,1850 por bushel. (Isadora Duarte, isadora.duarte@estadao.com, com informações da Dow Jones Newswires)
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