São Paulo, 26/11/2018 - A febre suína africana na China é o assunto agrícola mais importante do momento, de acordo com Alexandre Mendonça de Barros, sócio da MB Agro. Ele afirmou que desde agosto houve uma explosão nos casos do país, e que há a possibilidade de a epidemia reduzir em até 10% a produção de carne suína chinesa. Com isso, o país poderia importar mais carne do que antes. "Especialistas em China acham que em 20% das granjas existe altos padrões de biossegurança; mas em 80%, não", afirmou ele. As Américas são a única região do mundo livre do mal até o momento, o que melhora sua posição de exportadora.
O Brasil, afirma Mendonça de Barros, vive um momento de construção de demanda interna, com espaço para crescimento. "O cenário macro melhorou um pouco, mas nossa percepção é que o mercado ainda é frágil perto do que já vimos. O consumo deveria ser 35-36 kg por habitante. Hoje, provavelmente estamos mais para 30, 31 kg. Ainda há espaço de recuperação da demanda interna que deve melhorar com o PIB." A projeção da MB Agro é que o PIB nacional cresça entre 2% e 2,5% em 2019.
As expectativas também são positivas para a safra de grãos da América do Sul por causa das boas condições climáticas. "O Brasil, por exemplo, deve ter a maior safra de soja já colhida", afirmou. Ele estima que a demanda virá principalmente da Ásia, Oriente Médio e África.
Um ponto positivo para os preços de grãos pode ser o fim da tabela de frete. "Achamos que vai cair. Todos viram que foi um tiro no pé e causou uma distorção", disse Mendonça de Barros. No entanto, a medida deve ser tomada no ano que vem, pois o Supremo Tribunal Federal (STF) não pautou o assunto para antes do recesso. (Augusto Decker, augusto.decker@estadao.com)