Por Leticia Pakulski
São Paulo, 05/04/2021 - O consórcio internacional de pesquisa ASR Genome Consortium, do qual faz parte a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), disponibilizou publicamente dois novos genomas de referência do fungo causador da ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi), informou a Embrapa Soja, em nota. O primeiro genoma foi sequenciado, montado e oferecido à comunidade científica em 2019. Na ocasião, outros dois genomas obtidos por parceiros foram inclusos no consórcio.
Com o avanço na consolidação de dados sobre os três genomas em conjunto, será possível aprofundar o conhecimento sobre a variabilidade do fungo e conhecer a organização de seus genes em vários níveis, por exemplo, identificando genes ativos durante os ataques às plantas, conforme a pesquisadora Francismar Marcelino-Guimarães, da Embrapa Soja. Segundo ela, as informações obtidas dos três genomas de referência permitem a realização de estudos comparativos em nível genômico. "Os resultados da pesquisa possibilitarão maior compreensão dos alvos de ação no fungo, em nível do seu DNA, por um produto químico, ou mesmo o desenvolvimento de novas soluções que ajam de forma mais assertiva", afirmou.
Os genomas de referência foram coletados na América do Sul, região onde a doença costuma causar prejuízos às lavouras. Segundo dados do Consócio Antiferrugem, só no Brasil os danos provocados pela ferrugem asiática chegam a US$ 2,8 bilhões por safra. "O acesso a esta variabilidade permitirá ampliar a compreensão da elevada adaptabilidade e evolução deste fungo, auxiliando no entendimento das mutações que foram acontecendo em diferentes safras e o processo de resistência desses fungos aos fungicidas e também aos genes de resistência presentes na soja", disse Francismar.
O consórcio é formado por 12 entidades públicas e privadas, de diversas localidades, e tem como premissa tornar público o acesso ao genoma do fungo causador da ferrugem e permitir seu uso para diferentes abordagens e pesquisas futuras. Além da Embrapa, o consórcio inclui Bayer, fundação 2Blades, Sainsbury Laboratory, as universidade alemãs de Hohenheim e de RWTH Aachen, Instituto Nacional da Pesquisa Agronômica (INRAE, França), Universidade de Lorraine (França), Joint Genome Institute (JGI, EUA), Keygene, Syngenta e Universidade Federal de Viçosa (Brasil).
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