Por: Isadora Duarte
São Paulo, 03/12/2019 - O banco Commerzbank avalia que o fato de o Brasil ter superado os Estados Unidos como maior exportador mundial de soja não se deve apenas ao conflito comercial do país norte-americano com a China - o qual resultou na diminuição dos embarques de oleaginosa dos EUA. "Atribuir isso apenas ao conflito comercial e às tarifas retaliatórias chinesas sobre a soja importada dos EUA não leva em consideração o quadro completo. Afinal, as exportações do Brasil já excederam significativamente as exportações dos EUA de antemão", afirma o analista de commodities agrícolas do banco, Carsten Fritsch, em comunicado diário enviado para clientes.
Segundo o banco, o fato de o governo do presidente Donald Trump também estar impondo tarifas retaliatórias ao Brasil e à Argentina tem um efeito adicional crescente no impasse comercial. "Se Trump teme a concorrência nos mercados agrícolas, especialmente do Brasil, ele tem boas razões para isso, já que o Brasil substituiu os EUA como o maior exportador de soja do mundo em um volume significativo", observa Fritsch.
No comentário, o Commerzbank destaca que na safra 2018/19 as exportações brasileiras de soja totalizaram 75 milhões de toneladas, em comparação com apenas 47,5 milhões de toneladas dos EUA. Na safra 2019/20, as exportações brasileiras, considera o banco, devem ser ainda maiores, em virtude da previsão de safra recorde de 123 milhões de toneladas. "Por outro lado, espera-se que a safra dos EUA diminua para apenas 97 milhões de toneladas. Em 2018/19, a safra dos EUA - de 120 milhões de toneladas - ainda era um pouco maior que o volume da safra no Brasil", observa o banco.
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