Agronegócios
10/12/2018 11:05

Perspectiva: mercado monitora frete no Brasil, guerra comercial e relatório do USDA


São Paulo, 10/12/2018 - Investidores dos mercados futuros de soja, milho e trigo começam a semana atentos à reação dos caminhoneiros brasileiros à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, acerca do tabelamento do frete. Na quinta-feira (6), Fux suspendeu a aplicação de multas por descumprimento da tabela de preços mínimos do frete rodoviário até que a Corte se pronuncie sobre a constitucionalidade da fixação de preços. Também entra no radar o relatório mensal de oferta e demanda que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulga amanhã. Desdobramentos da trégua comercial entre EUA e China continuam sendo monitorados.

Em relação à soja, uma nova greve de caminhoneiros poderia reduzir o fluxo do grão do Brasil para o mercado internacional e deslocar a demanda para outros países produtores como, por exemplo, os Estados Unidos, ponderou Stefan Tomkiw, do Société Générale. "O mercado pode ser um pouco sustentado pela ameaça de paralisação dos caminhoneiros", comentou o analista. Não são esperados, contudo, ganhos expressivos, entre outras razões porque investidores tendem a aguardar os dados que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) publica amanhã em seu relatório mensal de oferta e demanda. O foco do mercado deve ser nos estoques dos EUA e na dimensão da oferta da América do Sul, especialmente Brasil e Argentina.

Na última sexta-feira, os futuros da oleaginosa negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam em alta sustentados por notícias sinalizando a continuidade das negociações comerciais a administração Trump e a do presidente chinês Xi Jinping. O principal assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse que as conversas, "que estão com forte ímpeto agora, vão continuar". No Twitter, o presidente Donald Trump postou que as "conversas com a China estão indo muito bem", mas não deu mais detalhes. O vencimento janeiro da soja ganhou 7,25 cents (0,80%), para US$ 9,1675 por bushel.

Ainda na CBOT, os futuros do milho têm acompanhado o desempenho do petróleo e, sobretudo, a demanda pelo grão produzido nos Estados Unidos. Na sexta-feira, esses dois fatores deram suporte aos preços. O petróleo subiu com a notícia de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados acertaram cortar a produção conjunta em 1,2 milhão de barris do óleo por dia em relação aos níveis de outubro de 2018. Como nos EUA o biocombustível misturado à gasolina é feito principalmente com milho, e o setor consome cerca de um terço da safra doméstica do cereal, a notícia puxou as cotações do cereal. Além disso, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) informou que exportadores venderam 1,177 milhão de toneladas de milho da safra 2018/19, 26% mais em relação a média das quatro semanas anteriores. O contrato para março fechou com alta de 0,72%, a US$ 3,8550 por bushel. Em dezembro, a valorização é de 2,26%.

Os contratos do trigo encerraram a semana com forte valorização, impulsionados pela demanda. Exportadores norte-americanos relataram venda de 711.800 toneladas da safra 2018/19, volume 89% maior que na semana anterior e 58% superior à média das quatro semanas anteriores. No entanto, como os embarques seguem abaixo do que prevê o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para o ano, isso pode levar o mercado a alguma correção nas próximas sessões. O contrato com vencimento em março na CBOT fechou na sexta-feira a US$ 5,3125 por bushel, ganho de 3,06%. Em dezembro, a alta é de 3,20%.

Café: contratos caem 3,2% na semana
Os contratos futuros de café arábica apresentaram desvalorização de 3,2% (345 pontos) na semana passada na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), base vencimento março de 2019. As cotações encerraram na sexta-feira (7), a 104,10 centavos de dólar por libra-peso. No período, os contratos marcaram máxima de 112,55 cents (sexta, dia 30) e mínima de 103,85 cents (sexta, dia 7).

O Escritório Carvalhaes, tradicional corretora de Santos (SP), destaca em boletim semanal que a recuperação da produção brasileira de café depois de três anos de severas secas sobre os cafezais brasileiros e a forte alta do dólar frente ao real (com as preocupações com o momento político no Brasil e a guerra comercial entre os EUA e a China) foram usadas como pano de fundo para a pressão sobre as cotações do café em Nova York.

Segundo Carvalhaes, não interessa aos operadores o fim dos estoques governamentais brasileiros de café, nem o fato de que a atual safra recorde brasileira seja apenas suficiente para abastecer o consumo interno e as exportações neste ano-safra, e que em 2019 o País vai colher uma safra de ciclo baixo.

Carvalhaes reforça que os cafeicultores brasileiros estão frustrados e preocupados. Quando finalmente tiveram uma boa safra, com a qual esperavam recuperar parte dos prejuízos de três anos seguidos de seca sobre seus cafezais, sofrem com a queda do preço do café de um lado e forte subida dos custos de produção do outro. Subiram os preços dos defensivos, fertilizantes, combustíveis, energia elétrica e fretes, conclui Carvalhaes.

Açúcar: petróleo e dólar devem direcionar cotações
O mercado futuro do açúcar demerara na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) segue influenciado pelo petróleo e o dólar no curto prazo. Mas relatórios com posições de fundos e especuladores na Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês), nesta segunda-feira, e dados de acompanhamento da safra brasileira, ao longo da semana, podem ampliar volatilidade do mercado.

Na sexta-feira (7), o contrato março se recuperou de perdas anteriores e avançou 23 pontos (1,82%) e terminou em 12,87 cents por libra-peso. O vencimento rompeu a resistência de 13 cents, bateu 13,07 cents de máxima, mas passou por realizações de lucro e fixações pontuais. O suporte está em 12,49 cents e a resistência em 13,21 cents.

A alta no petróleo com o anúncio de cortes na produção de países exportadores puxou o cenário positivo para os futuros do adoçante. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados anunciaram acordo para cortar a produção conjunta em 1,2 milhão de barris por dia em relação aos níveis de outubro de 2018.

(Clarice Couto, Tomas Okuda e Gustavo Porto - clarice.couto@estadao.com, tomas.okuda@estadao.com e gustavo.porto@estadao.com)
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