Agronegócios
18/09/2018 10:27

CBOT: conflito comercial entre EUA e China deve direcionar cotações; soja e milho podem cair


São Paulo, 18/09/2018 - Os contratos futuros de soja e milho devem começar o pregão operando no campo negativo nesta terça-feira na Bolsa de Chicago (CBOT). A intensificação das tensões comerciais deve pesar sobre as cotações das commodities. Já os contratos do trigo tendem a abrir em alta.

A soja deve abrir em queda pressionada pelos novos fatos no conflito comercial entre a China e os Estados Unidos (EUA). O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou ontem (17) à noite que vai impor tarifas de 10% sobre mais US$ 200 bilhões em produtos chineses e elevá-las para 25% no início de 2019. Em seu anúncio, Trump afirmou que "se a China tomar medidas de retaliação contra nossos agricultores ou outras indústrias, imediatamente buscaremos a fase três, que são tarifas adicionais sobre aproximadamente US$ 267 bilhões de importações".

Na manhã desta terça-feira (18), a China anunciou que recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a tarifa dos EUA. O governo chinês também informou que pretende retaliar os EUA contra as sobretaxas mais recentes, mas não disse o montante almejado. Até então, havia a expectativa no mercado de uma possível revisão nas relações comerciais entre as duas potências, após a tratativa de uma conversa entre os líderes na semana passada. A China é responsável pela compra de 1/3 da produção da oleaginosa norte-americana.

Investidores também monitoram os níveis de produtividade da safra norte-americana, nesse período de início de colheita. Até o momento, a perspectiva é de uma safra recorde nos EUA, que também pesa sobre as cotações da oleaginosa. Ontem, em relatório semanal de acompanhamento do plantio, divulgado após o fechamento do mercado, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que a colheita de soja estava em 6% até o último domingo, ante 3% na média dos cinco anos anteriores. O USDA informou que 67% da safra estava em condição boa ou excelente, uma piora de 1 ponto porcentual em relação à semana anterior. Há um ano, essa parcela era de 59%. O USDA informou ainda que 53% da safra tinha queda de folhas, em comparação a 36% na média de cinco anos.

O milho também deve abrir em queda, pressionado pela estimativa de maior oferta dos EUA. O USDA informou ontem em relatório semanal de acompanhamento de lavouras, que a colheita da safra 2018/19 de milho nos EUA atingiu 9% da área plantada na semana passada. Os trabalhos de campo estão levemente adiantados em relação ao período correspondente do ano passado (7%) e à média dos cinco anos anteriores (6%). Segundo o USDA, 68% da safra de milho apresentava condição boa ou excelente até o último domingo (16), sem variação ante a semana anterior. Na época correspondente do ano passado, essa parcela era de 61%. O USDA relatou, ainda, que 93% das plantações estavam formando "dentes", em comparação a 86% na média de cinco anos. Além disso, 54% das lavouras estavam maduras, ante 36% na média. O mercado continua atento às condições da lavoura e aos relatos de produtividade do cereal à medida que a colheita avança.

Em direção oposta, o trigo deve abrir em alta, se recuperando de perdas da sessão anterior. No entanto, as tendências do cereal ainda são pessimistas, no curto e médio prazo. O mercado vem sendo pressionado pela expectativa de maior estoque global de trigo ao fim da temporada 2018/19. No lado negativo, especuladores estão apostando em um suporte de US$ 4,95 por bushel. Já no lado dos fundamentos positivos, a demanda pelo cereal continua aquecida. Ontem, a agência estatal de grãos do Egito, conhecida como Gasc, anunciou abertura de licitação para a compra de um volume não especificado do cereal, que deve ser embarcado entre 1º e 10 de novembro e entre 11 e 20 de novembro, disseram traders. Os resultados do leilão devem ser divulgados ainda hoje (18). Em sua licitação mais recente, em 12 de setembro, a Gasc comprou 240 mil toneladas de trigo russo. Traders aguardam novidades sobre a possível restrição de exportações do cereal russo.

A colheita norte-americana da safra de trigo de primavera foi concluída em 97% da área, ante média de 92% dos cinco anos anteriores, de acordo com relatório semanal de acompanhamento de safra do USDA. A semeadura do trigo de inverno atingiu 13%, ante 12% há um ano e 14% na média de cinco anos.

No overnight, o vencimento novembro da soja caiu 3,25 cents (0,39%), a US$ 8,2025 por bushel. O milho para dezembro caiu 1 cent (0,29%), a US$ 3,47 por bushel, enquanto igual vencimento do trigo ganhou 7,25 cents (1,43%), a US$ 5,1350 por bushel. (Isadora Duarte, isadora.duarte@estadao.com, com informações da Dow Jones Newswires)
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