Economia & Mercados
14/10/2022 17:40

Especial: Privatização da Cemig dependerá de capacidade de articulação de Zema no 2º mandato


Por Wilian Miron

São Paulo, 11/10/2022 - Fortalecido por uma vitória no primeiro turno das eleições, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), precisará articular uma base de apoio para avançar com sua agenda de privatização de estatais, especialmente a Cemig e a Copasa, segundo especialistas consultados pelo Broadcast Energia.

Diferentemente de seu primeiro mandato, quando esteve praticamente sem grandes aliados no Legislativo, na última eleição Zema viu os partidos que fizeram parte de sua coligação conquistaram 22 das 77 cadeiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Além disso, é possível que ele conquiste o apoio do Partido Liberal (PL) que neste ano elegeu nove deputados.

Para o cientista político e professor da Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG), Thiago Silame, caso Zema se mostre habilidoso para construir uma maioria legislativa neste segundo mandato, poderá atrair outras siglas de centro-direita para dar suporte a seu governo. Ele, contudo, lembra que nos primeiros quatro anos do atual governador a postura foi totalmente diferente dessa, o que emperrou ao menos parcialmente a implantação de sua agenda de governo.

Silame lembra também que, embora o ambiente seja favorável ao governador reeleito, Zema precisará traduzir seu fortalecimento nas urnas e o apoio da coligação numa coalizão de governo, e que algumas das medidas da agenda liberal do governo têm alto custo político, o que pode demandar um esforço extra para negociações. "Em termos de apoio, o vejo mais forte do que no primeiro mandato, mas [para aprovar sua agenda] ele precisa ter capacidade de coordenação para lidar com o Legislativo", disse.

Lua de mel

Ele afirma também que há uma tendência que o governo tente avançar com sua agenda liberal logo no início do próximo ano, aproveitando o clima gerado pela vitória no primeiro turno das eleições deste ano. "Esse tipo de proposta é mais fácil de ser conduzida no início do mandato".

No mercado, a possibilidade de privatização da Cemig e da Copasa é vista com otimismo. Para o analista da Genial Investimentos, Vitor Sousa, os programas de privatização em Minas Gerais devem avançar de forma semelhante ao que aconteceu no Rio Grande do Sul, durante a gestão Eduardo Leite (PSDB).

A expectativa dele é que, num cenário em que a maioria do Legislativo mineiro apoie pautas liberais e pró-mercado, seja mais fácil aprovar uma mudança na Constituição do Estado para modificar a necessidade se fazer um plebiscito antes das privatizações.

Ele também acredita que a estratégia a ser adotada na Cemig pode ser o fatiamento da empresa, por meio da venda de ativos. "É uma holding com ativos de gás, geração e transmissão de energia, entre outros, então faria mais sentido vender em pedaços", comentou.

Já no caso da Copasa ele aposta que seria uma companhia mais simples de se privatizar "de porteira fechada", o que possibilitaria que a operação ocorra primeiro.

Contato: energia@estadao.com
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