Por Daniela Amorim
Rio, 13/01/2021 - O setor de serviços registrará em 2020 o pior desempenho anual da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços, iniciada em 2011 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De janeiro a novembro, os serviços acumulam uma retração de 8,3%. A taxa acumulada em 12 meses desceu a 7,4% em outubro, pior resultado da série. Até então, o desempenho mais negativo ocorreu em 2016, quando houve um recuo de 5,0%.
Segundo Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE, os serviços teriam que crescer entre 28,3% e 29,2% em dezembro de 2020 ante dezembro de 2019 para que o acumulado do ano fosse de -4,9%, não superando assim o pior momento da série. Para encerrar o ano de 2020 com estagnação, mas escapando do vermelho, os serviços precisariam avançar entre 81,8% e 82,8% em dezembro de 2020 em relação a dezembro de 2019.
“É de se esperar então na próxima divulgação a queda mais intensa da serie histórica”, confirmou Lobo.
Os serviços apurados pela Pesquisa Mensal de Serviços respondem por cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, diz Lobo. Os resultados anuais mostram que o setor exibe falta de fôlego desde 2015: 2012 (4,3%), 2013 (4,1%), 2014 (2,5%), 2015 (-3,6%), 2016 (-5,0%), 2017 (-2,8%), 2018 (0,0%), 2019 (1,0%).
“Cresceu por três anos, caiu por três anos, ficou praticamente estável por dois anos. Certamente a pandemia deteriorou ainda mais o cenário do setor de serviços, que já não mostrava grande dinamismo”, avaliou Lobo.
Na série com ajuste sazonal, o volume de serviços prestados cresce há seis meses seguidos, de junho a novembro de 2020. No entanto, novas medidas de restrição à circulação de pessoas, o retorno de trabalhadores ao trabalho remoto, eventual fechamento de estabelecimentos não essenciais e a própria curva de contágio da pandemia de covid-19 podem voltar a afetar a receita de empresas do setor, enumerou Rodrigo Lobo.
“Não é garantia de que essa sexta taxa positiva que a gente observa para o setor de serviços, que esse cenário vá melhorar mês a mês. Tudo vai depender de medidas de restrição, do receio que as pessoas possam ter e fazer isolamento social. Certamente a questão sanitária vai funcionar como balizador do que vai acontecer em 2021 para o setor de serviços”, defendeu Lobo.
Contato: daniela.amorim@estadao.com