Economia & Mercados
23/09/2020 08:59

Especial: Operações de M&A competitivas refletem liquidez e busca por consolidação


Por Fernanda Guimarães

São Paulo, 18/09/2020 - Ao longo dos últimos meses se tornaram comuns disputas na aquisição de companhias, algo que era raramente visto no mercado brasileiro. Apenas nos meses de pandemia de covid-19, houve concorrência para a compra da fatia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na AES Tietê, "briga" entre Stone e Totvs pela Linx e, agora, a disputa para quem vai ficar com a Laureate, dona de universidades como Anhembi Morumbi e FMU, que a cada dia atrai mais um proponente.

Uma das razões por trás deste movimento é o fato de um grupo de empresas estarem muito capitalizadas, como reflexo de um mercado bastante líquido, fruto de trilhões de dólares que foram injetados nas economias por medidas de estímulo dos Bancos Centrais em todo o mundo, especialmente o Fed, o BC dos Estados Unidos. "Quanto mais disponibilidade de liquidez, mais veremos M&As. Algumas das ofertas foram para levantar recursos para irem às compras", comenta o executivo de um banco de investimento. A Stone, que ofereceu mais de R$ 6 bilhões para comprar a empresa de tecnologia Linx, por exemplo, fez uma oferta subsequente (follow on) na Nasdaq e levantou US$ 1,495 bilhão, deixando o arsenal pronto para a aquisição.

Outro é o BTG Pactual, que está acelerando o crescimento de sua plataforma digital e está mirando aquisições. Recentemente colocou mais de R$ 1 bilhão em caixa também em uma oferta de ações na B3.

Com recursos em mãos, o BTG foi um dos players na disputa pela aquisição da corretora Easynvest, que acabou ficando com o Nubank. Além do BTG, tentaram a aquisição a PagSeguro e o Mercado Livre, apurou o Broadcast.

De olho na Laureate, há muitos interessados, como a Ser Educacional, que já lançou sua oferta, mais a Yduqs, Ânima e Cruzeiro do Sul. Segundo uma fonte, além da elevada liquidez, há poucos ativos do setor educacional em São Paulo, o que aumenta a atratividade, por isso a grande competição. "Dessa qualidade, com essa reputação, tamanho e imagem, não tem mais no mercado", disse a fonte.

Outra oferta que mostra a movimentação do mercado foi a "hostil", como são chamadas aquelas não solicitadas, da Gafisa para incorporar a Tecnisa. Acionistas da Tecnisa vetaram a operação, mas a Gafisa já deu o recado que o assunto ainda não está encerrado.

Fora isso, as empresas maiores estão aproveitando o momento de pandemia para consolidarem mercado e isso tem se refletido nos processos cada vez mais competitivos. Uma fonte comentou que as grandes empresas conseguiram ganhar mercado durante a crise, momento em que outras acabaram ficando para trás. Muitas conseguiram levantar recursos no mercado e vão partir para aquisições.

"Era difícil ver aqui no Brasil processos tão competitivos, com mais de uma empresa disputando um ativo. Agora começou a ficar comum nos processos", diz uma fonte de um banco de investimento. Segundo ele, essa é uma tendência, visto que mais empresas que estão fazendo ofertas de ações estão buscando recursos para crescerem de forma inorgânica, ou seja, via aquisições.

Contato: fernanda.guimaraes@estadao.com
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