Por Denise Luna
Rio, 20/05/2022 - Com as projeções para o fim da era do petróleo nos próximos 30 anos, um novo mercado se abre para as certificadoras de reservas do combustível fóssil, que já começam a enxergar o segmento como um novo nicho a ser explorado, segundo o vice presidente sênior e diretor financeiro da Netherland, Sewell & Associates, In (NSAI), Scott Frost, empresa líder em certificações de campos de petróleo e gás natural nos Estados Unidos.
No Brasil, a empresa é a certificadora da PetroRecôncavo, e nesta semana vai realizar, em São Paulo, um evento sobre certificações de reservas de petróleo e gás no Brasil. Frost considera o País um mercado cada vez mais promissor, principalmente pelos grandes volumes encontrados no pré-sal. “Vejo grandes oportunidades no Brasil com os campos em águas profundas da Petrobras. Além de novas descobertas, as áreas que estão sendo vendidas podem trazer mais empresas para o setor, e com isso um maior volume de investimentos ainda vai ocorrer”, avaliou.
No mercado desde 1961, a NSAI começou a fazer certificações do mercado de carbono há apenas dois anos, com trabalhos já realizados no Golfo do México, Estado Unidos. Na avaliação de Frost, o Brasil tem um grande potencial para desenvolver esse segmento, principalmente após o decreto lançado ontem, 19, que regulamenta o mercado de créditos de carbono no País.
“Certamente o Brasil tem muitos reservatórios onde a gente pode aplicar isso (certificação), e acredito que já existam empresas querendo investir nisso”, afirmou, informando que no Brasil ainda não tem clientes para esse serviço.
Mas se o carbono acende uma luz no fim do túnel para as certificadoras do setor de petróleo, o fim da commodity ainda está longe, na opinião do executivo, e ainda vai trazer muitos contratos para a empresa, ele prevê. O fim da pandemia do covid-19 e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, ressaltou, impulsionaram a indústria do petróleo, que está voltando com força.
“A indústria (do petróleo) está em movimento novamente. Ficamos de dois a três anos parados por causa do covid, mas agora estamos bem encorajados a recomeçar”, disse.
Os dois fatores - fim da pandemia e guerra - foram a principal causa do aumento do preço do petróleo, afirmou o executivo, motivo principal para a retomada dos projetos das petroleiras. Com aumento da produção, mais certificações anuais terão que ser feitas, e como vem constatando Frost, as reservas têm sido mais valorizadas.
“O preço está alto, mas pode acontecer alguma coisa e em dois meses o preço cair. Mas em resumo, no curto prazo, espero preços ainda muito altos, e vemos as empresas retomando as atividades, voltando a perfurar poços, a incrementar a produção de petróleo e gás. O preço alto é pela Rússia e vai se manter alto enquanto a guerra não acabar”, avaliou.
Para Frost, apesar do avanço das renováveis no mundo, a indústria do petróleo ainda tem vida longa e a transição energética não vai tirar tão cedo a commodity de cena. “A gente não tem com o que se preocupar. A produção de óleo e gás está aumentando e deve demorar a cair, só lá para 2050. Não haverá uma ruptura de uma vez, será demorado e por isso vejo as renováveis subindo, mas o petróleo também”, concluiu.
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