Economia & Mercados
10/11/2021 08:29

Especial: amadurecimento de linhas em 2022 deve gerar ciclo virtuoso de receitas até 2024


Por Wilian Miron

São Paulo, 09/11/2021 - Após um período em que a Aeris, fabricante de pás eólicas, expandiu sua capacidade produtiva, o amadurecimento de cinco linhas de produção até o terceiro trimestre de 2022 deve levar a companhia a um ciclo virtuoso de receitas no próximo ano, que pode durar até 2024, disse o diretor de Planejamento e de Relações com Investidores da companhia, Bruno Lolli, ao Broadcast Energia.

Nos últimos anos, a empresa modificou suas unidades produtivas para fabricar equipamentos com maior capacidade de geração de energia, devido à demanda global por aerogeradores com capacidade entre 4 megawatts (MW) e 5 MW. Esses investimentos, no entanto, têm um ciclo de maturação de aproximadamente um ano, e até que esses equipamentos alcancem um ponto ótimo de produtividade, os resultados da companhia são afetados.

“Ano que vem começamos cinco linhas não maduras, e no meio do ano todas as 17 linhas estarão prontas. É provável que fique num ciclo de resultados muito bons a partir do meio de 2022 até 2024”.

Esse efeito tem sido refletido pela empresa em seus resultados corporativos mais recentes. No terceiro trimestre deste ano, por exemplo, a empresa registrou lucro líquido de R$ 9,315 milhões, queda de 83,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. “Já era esperado devido à quantidade de linhas que não estão maduras e ainda entregam margens ruins” , disse o executivo.

Entre julho e setembro, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) caiu 38,6%, para R$ 62,6 milhões. A margem Ebitda foi de 10,0% no trimestre, redução de 4,5 pontos porcentuais (p.p.) na base anual.

A receita líquida do período alcançou R$ 629,3 milhões, valor 10,8% menor que o visto um ano antes. Do total, R$ 399,2 milhões vieram de pedidos do mercado interno, enquanto R$ 203,8 milhões da exportação de pás. A área de serviços correspondeu a R$ 26,2 milhões em receita.

Segundo Lolli, o momento positivo que a companhia terá à frente será sustentado tanto pela melhora na performance destas linhas de produção que devem alcançar a maturidade nos próximos meses, quanto pela demanda aquecida no mercado de energias renováveis, que tem demandado a construção de novos empreendimentos de geração.

A perspectiva do executivo é que neste ano sejam entregues 2,4 gigawatts (GW) em projetos no Brasil, volume que pode dobrar em 2022, mesmo num cenário de aumento de custos para novos projetos. Para o horizonte de dez anos, Lolli vislumbra uma demanda média de aproximadamente 3,5 GW. “Quem tem equipamento para entregar agora, vende e o mercado não está conseguindo atender a demanda atual”, afirmou.

A demanda pela construção de novos parques eólicos no País é decorrente de alguns fatores: uma corrida colocar os empreendimentos em funcionamento até 2024, como forma de manter o desconto de 50% na tarifa-fio, cobrada pelo uso das redes. Quem entrar em operação após esse período, não tem direito ao subsídio. Além disso, há uma demanda crescente por projetos renováveis, por parte de grandes consumidores de energia, que desejam cumprir metas de responsabilidade social e ambiental (ESG, da sigla em inglês), e uma percepção de que os preços da energia podem aumentar caso os reservatórios das hidrelétricas demorem para se recuperar completamente da crise hídrica.

No mercado externo, Lolli também enxerga uma avenida de crescimento com eólicas offshore principalmente nos Estados Unidos, em consequência do incentivo à geração de energias renováveis sinalizado pelo presidente norte-americano Joe Biden. “Nos Estados Unidos praticamente tinha parado a venda no mercado até esperar o plano [de incentivo às renováveis] porque as regras não estavam claras, deu uma segurada boa no volume, mas agora já voltou”.

O executivo disse também que enxerga o mercado de eólicas offshore ganhando musculatura no mercado norte-americano a partir de 2024, o que poderia motivar uma produção local. No Brasil, essa modalidade de geração pode demorar um pouco mais para acontecer, mas o diretor de Planejamento e de Relações com Investidores da Aeris acredita que a empresa está preparada para atender à demanda quando ela acontecer.

Contato: wilian.miron@estadao.com
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