Por Matheus Piovesana
São Paulo, 04/09/2020 - A Petrobras concluiu os testes de formação na área de descoberta de Júpiter, localizada no pré-sal da Bacia de Santos. Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a estatal afirma que os resultados confirmam a "excelente produtividade" do poço, que tem "óleo condensado de altíssimo valor agregado". As características do material servirão para validar uma nova tecnologia criada pela empresa.
A área de Júpiter está na concessão BM-S-24, em que a Petrobras é a operadora, com 80% de participação. Os outros 20% são pertencentes à Petrogal Brasil, que adquiriu a concessão junto com a empresa brasileira na 3ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2001. O poço, chamado internamente de Apollonia, está a 295 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro, em lâmina d'água de 2.183 metros.
Segundo a Petrobras, as características do óleo encontrado em Júpiter demandam a aplicação de inovações tecnológicas, uma vez que o fluido tem "alta razão gás-óleo", e elevado teor de gás carbônico. Por esse motivo, a petroleira vai usar as amostras colhidas para validar a tecnologia HISEP (separação em alta pressão, na sigla em inglês), que ela mesma desenvolveu e patenteou.
A técnica consiste na separação e reinjeção nas rochas reservatórios, através de equipamentos instalados no fundo do mar, do CO² existente no petróleo produzido. A técnica está em etapa de qualificação, e um piloto deve ser instalado em outra área operada pela estatal em 2024, para realizar testes de longo prazo.
Além de viabilizar a produção em Júpiter, a HISEP pode ajudar a deslanchar outros projetos que, de acordo com a empresa, também apresentam óleo com teor mais alto de gás carbônico. Isso abriria "uma nova fronteira exploratória" para o desenvolvimento da produção da companhia, especialmente em seu portfólio e águas profundas e ultra-profundas.
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