Economia & Mercados
27/05/2022 18:26

Especial: Lockdown na China atrasa produção de eletrônicos e carros no Brasil


Por Eduardo Laguna

São Paulo, 27/5/2022 - Os lockdowns na China agravaram o quadro, que já era delicado, de abastecimento de peças na indústria brasileira, resultando em maior custo no transporte dos materiais e mais casos de atraso de produção ou interrupções em fábricas de automóveis e de produtos eletrônicos.

Ainda que a situação atinja praticamente todos setores industriais pelo aumento do frete, e maior tempo até os insumos chegarem às fábricas, as montadoras de carros e fabricantes de aparelhos como notebooks, celulares e tevês são mais vulneráveis por enfrentarem há mais de um ano um quadro bastante apertado na oferta de semicondutores. Qualquer nova interferência tem, assim, reflexos no fluxo de produção.

Na situação mais crítica desde o início do ano, metade das fábricas de aparelhos eletroeletrônicos sofreu com atrasos ou teve de, em alguns casos, parar parte da produção por causa da irregularidade no fornecimento de componentes eletrônicos.

Já na indústria de veículos, também por falta de componentes eletrônicos, a Honda vai suspender por dez dias, a partir de segunda-feira, a produção de carros no Brasil. Foi o mesmo motivo que levou a Volkswagen a paralisar a fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, durante 20 dias deste mês e a suspender o segundo turno de trabalho da unidade que monta o T-Cross no Paraná.

As restrições na segunda maior economia do mundo comprometeram não só as exportações de produtos chineses, como também, de forma global, a disponibilidade de contêineres e embarcações para o transporte de mercadorias, dado o congestionamento de navios provocado pelo fechamento de portos no país asiático.

O mundo, antes mesmo de todos esses problemas, já não conseguia produzir chips suficientes para fazer frente ao avanço da eletrônica em quase todos produtos junto com a digitalização rápida das economias. A esperança de um maior equilíbrio entre oferta e demanda ainda neste ano foi frustrada com a quebra no fornecimento de insumos essenciais à produção de semicondutores a partir da guerra na Ucrânia.

Com a política chinesa que visa zerar os casos de covid-19, a tempestade perfeita, que no Brasil inclui ainda a lentidão no desembaraço de cargas em alfândegas devido à mobilização de fiscais da Receita Federal, ganha mais um impulso.

"Quando a gente pensou que [a cadeia de suprimentos] voltaria ao normal, explodiu a guerra. Na sequência, os lockdowns na China pioraram ainda mais a situação porque dependemos de componentes chineses. A vulnerabilidade da indústria é enorme", diz Humberto Barbato, presidente da Abinee, associação que representa a indústria de produtos eletroeletrônicos.

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