Economia & Mercados
16/07/2018 14:55

Conselheira da Embraer diz que ainda não há data para acionistas apreciarem negócio com Boeing


Rio, 16/07/2018 - Os termos da operação entre Embraer e Boeing continuam em discussão no Conselho de Administração da empresa brasileira e ainda não têm data para serem apreciados pelos acionistas da companhia, o que terá que acontecer em uma assembleia extraordinária. A informação é da ex-diretora do fundo de pensão do Banco do Brasil (Previ ) e conselheira da Embraer, Cecília Garcez, que diz não estar dando detalhes das negociações nem para a fundação, que a indicou para o posto.

"O momento é muito delicado. Estamos no meio da negociação. Não estou dando informação nem para a Previ", diz, frisando que a companhia é uma corporation (empresa sem controle definido) e que, por isso, tem que agir pelo interesse da companhia e não de um único acionista.

Informações apuradas pelo Broadcast indicam que as conversas continuam abertas, já que a reação não foi tão positiva como se esperava. É que, apesar das manifestações favoráveis ao negócio feitas por membros importantes do governo, como o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dyogo Oliveira, o modelo adotado causou desconforto entre minoritários e também entre técnicos e diretores da fundação e do BNDES.

Todos reconhecem a importância da associação, principalmente depois da união entre Airbus e Bombardier, mas eles precisam justificar tecnicamente suas decisões perante órgãos de controle, como Tribunal de Contas da União (TCU), Previc e Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Aprovado no começo do segundo governo petista, em 2006, o estatuto da Embraer tem uma série de restrições à participação de estrangeiros. São medidas que visam não só evitar uma aquisição hostil, mas principalmente uma aquisição por grupo estrangeiro. Os artigos 14 e 15, por exemplo, limitam o poder de voto dos estrangeiros a dois terços da participação detida por brasileiros.

Com isso, embora mais de 50% das ações da companhia sejam negociadas na Bolsa de Nova York e entre os investidores com maior participação haja três grandes fundos estrangeiros, que somam cerca de 30% de seu capital, encontrar um desenho que atenda esse grupo é importante. Na hora da assembleia, além da golden share do governo, esses investidores terão muito mais peso que os estrangeiros, embora venham reduzindo suas participações na empresa nos últimos anos.

"A proposta que havia na mesa, de vender toda a área de aviação comercial da empresa, era muito melhor. Mas aí a empresa ficou refém do discurso político, de não poder ser vendida para um grupo estrangeiro", diz uma fonte.

Para o minoritário Renato Chaves, que participou da reestruturação societária da companhia quando era diretor da Previ, os negociadores precisarão chegar a um acordo mais favorável aos atuais acionistas. Segundo ele, não adianta apenas apresentar novas compensações e garantias. "Tem que respeitar o estatuto. Assumir que é troca de controle", afirma o investidor, que no início da semana passada apresentou uma reclamação na CVM. (Renata Batista - renata.batista@estadao.com)
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