Economia & Mercados
16/11/2021 09:34

Corretoras dobram aporte e usam influenciadores para ganhar investidores


Por Bruna Camargo

São Paulo, 12/11/2021 - O clima de promoções do mês de Black Friday parece estar contagiando as corretoras de investimentos. É CDB rendendo 300% do CDI de um lado, influenciador do outro. Tem até aporte dobrado. Afinal, quem dá mais para ganhar e reter o investidor?

Levantamento sobre pessoas físicas da B3 de novembro mostra que há aproximadamente 3,3 milhões de investidores para 4 milhões de contas abertas em corretoras. Ou seja, os investidores estão em mais de uma corretora ao mesmo tempo - competição que tem feito as instituições se mexerem para não ficarem para trás. O Broadcast conversou com essas casas para entender um pouco mais quais estratégias estão sendo utilizadas e você confere a seguir:

CDB com CDI astronômico

Essa é uma estratégia recorrente entre diversas corretoras. De tempos em tempos, elas aparecem com um Certificado de Depósito Bancário (CDB) cuja rentabilidade está bem acima do que os títulos de renda fixa costumam oferecer - às vezes até 300% do CDI, como a XP tem divulgado. E não, não é pegadinha. Mas é importante olhar as linhas miúdas antes de se animar.

A Guide Investimentos aderiu. Com um CDB de emissão do Banco Voiter, a corretora promete rentabilidade de 250% do CDI ao ano por três meses para novos clientes, que podem aplicar de R$ 1 mil a R$ 10 mil no produto. Vale lembrar que, com esse período, a rentabilidade do produto está sujeita à alíquota de 22,5% do IR.

O CDB original rende 110% do CDI e a diferença é bancada pela Guide. Segundo Felipe Steinfeld, chefe de B2C da corretora, é um custo de aquisição que faz sentido na comparação com o custo implicado em outras estratégias, como o marketing digital. "Três meses é um tempo razoável para que a gente possa apresentar nossa proposta de valor, conhecer as necessidades do cliente e oferecer outros produtos e serviços. A taxa de fidelização é interessante", afirma, sem revelar números exatos.

Dinheiro direto na conta

Mas cada um com sua estratégia - e, na Warren, o pessoal pensa diferente. A corretora prefere oferecer produtos que se adequem às necessidades de cada cliente a atrair com taxas sedutoras em uma só aplicação, explica Fábio Safini, diretor comercial da Warren.

Na campanha atual, a corretora promete dobrar os aportes de até R$ 300 dos clientes que ativarem a conta até o fim do mês. Para quem já é cliente, a chance de ganhar é indicando 10 amigos; para cada um que fizer o primeiro depósito, o investidor ganha R$ 100. E como esse chamariz é sustentável? Segundo Safini, a maior preocupação da Warren é "incentivar as pessoas a conhecerem o produto, pois a experiência mostra que quem conhece o produto fica e traz o patrimônio", diz.

Ajudinha de influenciadores

E em tempos de redes sociais, claro que os influenciadores não ficam de fora da lista de estratégia das corretoras. Nesta semana, a Rico anunciou Ana Clara Lima, ex-BBB e apresentadora da TV Globo, como embaixadora da marca com o objetivo de "estourar a bolha para levar o universo das finanças para a população". Segundo Pethra Ferraz, diretora de marketing do grupo XP Inc., a nova campanha vem nesse momento de mercado cada vez mais acirrado e que "exige mais ousadia e agressividade na comunicação com o público".

A proposta de educação financeira também dita as estratégias do BTG, que alcança potenciais clientes do varejo por meio de canais como o do YouTube, que acumula quase 400 mil inscritos, e influenciadores patrocinados, como Gustavo Cerbasi e André Bona, explica Marcelo Flora, sócio responsável pelo BTG Pactual digital. Flora diz que investir nessas iniciativas é um pensamento para médio e longo prazo e para todos os clientes, não uma "satisfação no curto prazo" e, normalmente, apenas para o novo cliente, como as promoções costumam oferecer.

Acostumados aos cenários difíceis

O ano que vem está se desenhando para ser um desafio, dada a deterioração do cenário macroeconômico e as incertezas de indicadores, mas as corretoras já estão se preparando para não perder os clientes nem deixar de efetivar captações. Além disso, é consenso entre os especialistas ouvidos que o mercado brasileiro está acostumado a essas "fortes emoções".

"Passamos por momentos parecidos lá atrás e não foi o suficiente para frear esse movimento de migração de investidores para as plataformas de investimento. A velocidade pode diminuir, mas não vai deixar de acontecer", destaca Flora, do BTG.

Na Nu invest (ex-Easynvest), uma área foi criada em setembro para focar nos clientes que buscam atendimento individualizado e diversificação do portfólio. "Queremos encantar os nossos investidores com uma experiência que alie tecnologia, produtos inovadores e o atendimento e suporte humanizado", diz Fernando Miranda, chefe de investimentos do Nubank. Segundo Miranda, esses momentos de incerteza e volatilidade podem ser enfrentados reforçando a gama de produtos que a plataforma oferece e com educação financeira.

Contato: bruna.camargo@estadao.com
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