Economia & Mercados
12/08/2022 18:27

Exclusivo: CMU cresce em GD e prevê fechar 2022 com 200 mil clientes


Por Denise Luna

Rio, 12/08/2022 - Há 19 anos no mercado livre, Walter Fróes, presidente da comercializadora de energia CMU, está acostumado a ver números se multiplicarem, mas ainda se espanta com as perspectivas da geração distribuída (GD) no País. Em parceria com a espanhola Solatio, o executivo viu os contratos de GD em Minas Gerais subirem de cinco mil para 83 mil nos últimos oito meses, e até o final do ano prevê que esse número aumente para 200 mil.

"Em 2018 tivemos uma guinada com a associação à Solatio, maior desenvolvedora de projetos solares fotovoltaicos do Hemisfério Sul", afirma Fróes. A Solatio, em parceria com a canadense Canadian Solar, tem a maior usina fotovoltaica da América Latina em Pirapora, norte de Minas Gerais.

O segredo? Descontos de 15% na conta de luz e um trabalho de "formiguinha" da CMU, conta Fróes, que de porta em porta vai somando adesões às suas fazendas de energia solar, hoje em Minas Gerais e São Paulo. Desde 2019, a companhia já investiu R$ 4 bilhões na construção de seis usinas fotovoltaicas, que seguem em andamento, com capacidade de 1,2 gigawatts-pico (GWp).

Até 2026, a empresa pretende viabilizar a construção de 29 novas usinas e comercializar 19 GWp médios, o que equivale a 6% do atual consumo de energia nacional. As plantas estarão majoritariamente no Sudeste e Centro-Oeste, em uma área correspondente a 36 mil hectares. Ao todo, a empresa já tem 21 GW outorgados, uma vantagem competitiva no contexto de mudanças prevista para o setor.

"Como já temos 21 GW outorgados, tenho todo tempo para colocar isso no mercado (pelas regras antigas), e isso é até bom, porque vai eliminar concorrentes. Terei 48 meses a partir da aprovação do PL 414 para colocar as plantas em pé", avaliou.

A partir da parceria, o foco na geração distribuída passou a ser a população de renda mais baixa, com contas de luz em torno dos R$ 150 mensais, e que dificilmente teriam acesso à geração solar. Para isso são construídos sítios solares que vendem essa energia mais barata para possibilitar os descontos. A Solatio cuida da parte operacional e a CMU da comercial.

"Qualquer consumidor pode ter acesso à energia solar e mais barata, sem precisar instalar placas em suas residências, o que exigiria investimento alto. Isso permite que população com menor poder aquisitivo passe a usufruir das vantagens da geração solar. Minas Gerais possui uma legislação que regulamentou esse modelo e beneficia o consumidor com isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)", afirma Fróes.

A expectativa é que o faturamento com geração distribuída cresça 50% este ano, e dobre em 2023. No mercado livre, a CMU vende energia para os principais supermercados de Minas Gerais, além de toda a indústria de ouro. "No mercado livre são 300 clientes que consomem cerca de 1,5 GWmédios, e temos 600 MWmed em construção e mais 1 mil MWmed em negociação", informa.

Em outubro, uma nova planta solar, de 82 MWp (megawatts-pico) vai entrar em produção para atender a maior cadeia de supermercado de Minas Gerais. Os investimentos foram feitos por fundos de gestão e desenvolvimento da CMU com a Solatio, informa o executivo. Na autoprodução, a CMU possui grandes clientes como a Liasa, uma das maiores fabricantes de silício metálico do mundo e que arrendou uma planta para gerar 130 Mwmed.

"O legal é que o nosso negócio tem se colocado de pé com dinheiro privado. Temos muitos desafios pela frente, e minha meta, como os contratos de autoprodução são de 20 anos, é renovar todos eles, e olhe que eu tenho 66 anos", concluiu Fróes.

Contato: energia@estadao.com
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