Economia & Mercados
09/07/2018 12:03

FGV/Braz: desaceleração de alimentos continua e IPC-S poderá terminar julho abaixo de 0,50%


Rio, 09/07/2018 - A desaceleração da inflação de alimentos, prevista para julho, já começou e deverá ganhar tração até o fim do mês, afirmou há pouco o economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Mais cedo, a FGV informou que o IPC-Semanal (IPC-S) ficou em 1,01% na primeira quadrissemana de julho, ante 1,19% na última leitura de junho.

A desaceleração da classe de despesa Alimentação (de 1,59% para 1,17%) foi destaque no arrefecimento da inflação. Segundo Braz, o movimento foi sentido inicialmente nos alimentos in natura, primeiros a sofrerem alta quando a greve dos caminhoneiros provocou desabastecimento, no fim de maio.

O item hortaliças e legumes passou de uma queda de 1,90% na última leitura de junho para uma redução de 10,27% na primeira quadrissemana de julho. Com a continuidade do processo, Braz crê que o IPC-S poderá chegar à última quadrissemana de julho abaixo de 0,50%. "A normalização dos preços dos alimentos só não vai ser mais rápida por causa das carnes, das aves e do leite", afirmou Braz.

Carnes, aves e leite, segundo o economista da FGV, ainda sofrem algum reflexo mais duradouro da greve de caminhoneiros, como a perda de matrizes nos criadouros, que necessitam um tempo maior para serem repostas, mas também passam por movimentos sazonais e enfrentam a alta do câmbio.

No caso do leite, o período de seca deixa os pastos mais áridos e reduz a produção. No caso do câmbio, a cotação mais elevada da moeda americana encarece o milho e a soja, insumos básicos da produção da ração que alimenta os rebanhos. O câmbio também encarece o trigo, matéria-prima de massas, pães e biscoitos, que também chegam mais caros ao consumidor.

Ainda assim, Braz acredita que a demanda fraca, resultado da saída ainda lenta da recessão, impedirá repasses mais fortes do câmbio para os preços finais. Segundo o economista, parte da alta que houve até aqui, do patamar de R$ 3,30 por dólar para R$ 3,80, já foi repassada, enquanto outra parte foi absorvida nas margens de lucro das empresas.

Agora, os próximos movimentos do câmbio preocupam menos o cenário de inflação, porque, ainda que o quadro eleitoral leve a novas altas, a incerteza sobre a sustentação do dólar em nível mais elevado tenderá a adiar repasses ao consumidor, na avaliação de Braz. (Vinicius Neder - vinicius.neder@estadao.com)
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