Economia & Mercados
24/09/2019 13:25

Vale/Siani: alta do preço do minério teria ocorrido mesmo sem Brumadinho


Por Mariana Durão e Vinicius Neder

Rio, 24/09/2019 - A alta do preço do minério de ferro em 2019 teria ocorrido independentemente do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em decorrência do aumento de 10% na produção de aço da China e consequente aquecimento da demanda pela matéria-prima, afirmou há pouco o diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani.

“Há uma demanda muito forte (por minério). Esse aumento teria acontecido de qualquer forma sem Brumadinho”, disse. “Não é justo dizer que a Vale está ganhando mais dinheiro que antes”, afirmou no FT Commodities Americas Summit.

O minério de ferro saltou de US$ 74,71 na véspera da tragédia, em janeiro, para um pico de US$ 120 este ano. O rompimento da barragem e outros fatores, como questões climáticas na Austrália, reduziram a oferta do produto, e na outra ponta havia alta demanda chinesa.

Siani comentou ainda que a perspectiva no médio e longo prazo é que em algum momento haja uma redução da demanda dos chineses por aço, com substituição do produto por mais sucata.

Em relação à retomada de produção pela Vale, chegando a 400 milhões de toneladas ao ano, ele voltou a dizer que a aspiração da mineradora é ver todas as operações normalizadas em até três anos.

O colapso da barragem em Brumadinho, em janeiro, interrompeu a produção de 93 milhões de toneladas de minério pela Vale. Com a retomada das operações em Brucutu e Vargem Grande, o grupo recuperou 42 milhões de toneladas e espera produzir ao menos 340 milhões de toneladas de minério este ano. Antes do desastre, a projeção era atingir 400 milhões de toneladas ainda em 2019.

Respondendo a uma série de questionamentos sobre Brumadinho, Siani disse que a companhia ainda não tem a resposta sobre o que aconteceu. Segundo ele a questão do risco será uma obsessão da empresa, que quer também fazer uma mudança de cultura, estimulando seus funcionários a trazer problemas à tona sem medo. Ele lembrou que a Vale está destinando US$ 1,9 bilhão à segurança de barragens e que a meta é ter zero fatalidades em sua operação. “Não é fácil vir aqui falar sobre isso”, disso.

Contato: mariana.durao@estadao.com e vinicius.neder@estadao.com
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