Economia & Mercados
01/07/2022 19:27

Especial: Ações ligadas a commodities e consumo interno devem ser destaques em ano volátil


Por Bruna Camargo

São Paulo, 30/06/2022 - Se o Ibovespa ainda não decolou além dos 120 mil pontos neste ano, conforme alguns especialistas do mercado projetavam no fim de 2021, a culpa vem mais de fatores externos - como a guerra na Ucrânia e o aperto monetário global - do que internos - como os ruídos políticos e fiscais. No entanto, embora o temor de recessão nas principais economias no mundo e as eleições presidenciais por aqui devam trazer mais volatilidade para os mercados neste segundo semestre, oportunidades na Bolsa local ainda vão existir.

Especialistas ouvidos pelo Broadcast avaliam que as ações ligadas à commodities e à economia doméstica devem se destacar no Ibovespa. Não é um consenso. A cautela com o desenrolar do cenário também é destaque entre gestores, que preferem esperar antes de comprometer mais do portfólio.

Setores atraem, mas é preciso ser seletivo

Alexandre Brito, gestor na Finacap Investimentos, destaca que a Bolsa brasileira ainda está descontada e, com a expectativa de que há capital estrangeiro para entrar no mercado, o Ibovespa deve voltar a subir. “Continuamos com a visão bastante positiva para commodities, mas de maneira seletiva, em algumas empresas atreladas ao ciclo doméstico. Gostamos dos setores de utilities e financials. Consumo também, mas com um olhar bastante seletivo, pois mesmo com toda essa queda, há empresas caras, então são oportunidades pontuais que precisam ser encontradas”, explica Brito.

Para Marina Braga, gestora da Oby Capital, a Bolsa brasileira está “atrativa”. “Setorialmente, ainda temos predileção pelas empresas produtoras de commodities, mas temos adicionado nomes com exposição à economia brasileira, com foco em empresas pouco endividadas, com boa governança e com claras vantagens competitivas independente do cenário econômico”, diz.

Na expectativa pela melhora

Se de um lado a Bolsa brasileira barata é atraente, do outro, a dinâmica negativa aqui e no exterior deixa o mercado com o pé atrás. “[Há dinâmica negativa] tanto global, com uma possível recessão à frente, como local, com uma eleição polarizada e uma inflação que ainda não deu sinal de fundamento mais positivo”, avalia Rodrigo Galindo, gestor da Novus Capital.

Galindo conta que a gestora ainda está com posições “bem pequenas” nas bolsas, apesar de observar o “preço atrativo” na comparação histórica. “Quando a inflação der um sinal de fundamento melhor, vemos bastante oportunidade de reprecificação nas empresas domésticas. Estamos observando cuidadosamente essa oportunidade, mas ainda sem posição significativa”, diz. “O mercado ganhou uma assimetria de preço bem interessante e, quando a dinâmica reverter, será possível ganhar bastante”, destaca o gestor.

Thalles Franco, sócio e gestor de fundos da RPS Capital, diz esperar uma desaceleração econômica para o segundo semestre e, somando isso ao fator de incerteza eleitoral, a casa não tem feito “posições compradas relevantes na Bolsa brasileira”. “Não vemos o momento atual como propício para aumentar risco de maneira relevante nas carteiras de ações. Nossa expectativa é que o segundo semestre seja semelhante ao primeiro”, explica Franco, destacando que a volatilidade deve continuar.

Contato: bruna.camargo@estadao.com
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