Economia & Mercados
17/03/2022 09:01

Febraban e Fiesp voltam a se unir e anunciam esforço conjunto para discutir juro alto no Brasil


Por Altamiro Silva Junior

São Paulo, 17/03/2022 - A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) anunciaram nesta quinta-feira que vão criar um grupo de trabalho para avaliar as causas do elevado nível dos juros praticados no Brasil e propor medidas estruturais que levem à redução de modo sustentável da taxa, que encarece o crédito no País.

O anúncio acontece depois que, no final de agosto do ano passado, a adesão dos banqueiros a um manifesto da Fiesp a favor da democracia e harmonia entre os poderes provocou um racha na Febraban, com Caixa e Banco do Brasil ameaçando deixar a entidade. No final, o documento, com o título “A Praça é dos Três Poderes”, foi publicado sem a assinatura da Febraban. O anúncio também ocorre um dia depois de o Banco Central elevar novamente os juros, para 11,75% ao ano, o maior patamar desde abril de 2017, e ainda sinalizar mais aumentos para conter a inflação.

Passado o calor dos acontecimentos que o manifesto gerou, o presidente da Febraban, Isaac Sidney, e da Fiesp, que trocou recentemente de comando, agora nas mãos de Josué Gomes da Silva, tiveram uma primeira reunião e se comprometeram com "uma agenda de diálogo permanente entre as entidades", com o objetivo de contribuir para o crescimento econômico de longo prazo e a geração de emprego e renda.

"Os juros são altos no Brasil, mas não por vontade dos bancos. Precisamos parar de criticar e passar a agir, atacando efetivamente as causas que levam a essa situação", diz Isaac Sidney, em comunicado à imprensa. Segundo o presidente da Febraban, na média, mais de 80% do spread bancário corresponde aos custos das operações de crédito, como inadimplência, impostos e a enorme dificuldade de recuperação de garantias

"Os altos juros cobrados no Brasil são um problema estrutural que precisa ser encarado de frente e logo", afirma o presidente da Fiesp, destacando que o alto custo do dinheiro faz a indústria perder competitividade e desvia boa parte dos recursos que poderiam ser usados no investimento para aplicações financeiras.

O grupo técnico será composto pelas respectivas diretorias das duas entidades. O documento final será apresentado ao governo federal e ao parlamento, segundo o comunicado.

Contato: altamiro.junior@estadao.com
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