Economia & Mercados
01/08/2020 09:00

Exclusivo/CLP: DF lidera ranking de pior desempenho no combate à covid-19 no Brasil


Por Cícero Cotrim

São Paulo, 31/7/2020 - O Distrito Federal assumiu a liderança no ranking dos Estados com pior desempenho no combate à pandemia do coronavírus no País. A última edição da lista, elaborada pelo Centro de Liderança Pública (CLP) e obtida com exclusividade pelo Broadcast, trouxe o DF na primeira posição na semana encerrada em 28 de julho.

É a primeira vez desde o início do acompanhamento, na semana iniciada em 15 de abril, em que o DF fica em primeiro lugar. Ele é seguido pelo Rio de Janeiro, que saiu da 16ª para a segunda posição entre 14/7 e 28/7. Depois, vêm Roraima, em terceiro lugar; Goiás, na quarta colocação; e Alagoas, na quinta.

O Ranking Covid-19 dos Estados avalia as 27 unidades federativas de acordo com nove critérios: proporção de casos confirmados, evolução logarítmica de casos e porcentual de mortalidade da covid-19 e de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG); as notas de transparência do combate ao coronavírus elaboradas pela Open Knowledge Brasil e dados de isolamento social do Google. Quanto maior a nota final, pior é o desempenho dos Estados no enfrentamento à pandemia.


 Ranking dos Estados Covid-19 - Semana de 28/7 
 Posição   UF   Nota 
1 Distrito Federal 43,75
2 Rio de Janeiro 42,86
3 Roraima 42,36
4 Goiás 41,4
5 Alagoas 41,18
6 Sergipe 40,57
7 Pará 40,33
8 Pernambuco 40,18
9 São Paulo 38,86
10 Mato Grosso do Sul 37,71
11 Mato Grosso 37,06
12 Amapá 36,66
13 Rondônia 36,25
14 Amazonas 35,68
15 Paraná 35,58
16 Ceará 33,94
17 Tocantins 33,88
18 Minas Gerais 33,81
19 Rio Grande do Sul 33,4
20 Bahia 33,35
21 Piauí 32,79
22 Paraíba 32,68
23 Santa Catarina 32,04
24 Rio Grande do Norte 32,02
25 Acre 28,26
26 Espírito Santo 25,57
27 Maranhão 25,31
Fonte: CLP

Embora pela primeira vez no topo do ranking, o Distrito Federal ocupava consistentemente o segundo lugar desde a primeira semana de julho. A mudança de colocação foi motivada mais pela melhora de Roraima do que por uma piora na sua situação: a nota do DF passou de 46,96 na semana encerrada em 14/7 para 43,75 no período encerrado no dia 28. O Estado do Norte, que ocupou a liderança nas últimas cinco semanas, oscilou de 50,4 para 42,36 no período.

“O DF tem o pior desempenho, bateu recorde de mortes e passou dos 100 mil casos. Nós estamos avisando isso ao longo dos últimos meses e, agora, é o caos, em linhas gerais”, afirma José Henrique Nascimento, Head de Competitividade do CLP. “Eles precisam e podem fazer alguma coisa para controlar a doença, até porque é um Estado pequeno e tem alguns dos melhores indicadores do Brasil, principalmente a nível de emprego e renda”, completa.

Entre os destaques negativos, ele também menciona o Rio de Janeiro, em segundo lugar no levantamento. “A Fiocruz já soltou nota técnica falando sobre a possibilidade de uma nova onda de casos. O Rio já é o segundo colocado e tem possibilidade de manter-se nessa posição negativa”, observa.

Tendência

O CLP observa que, na passagem da semana encerrada em 14/7 para a semana de 28/7, o número de mortes por covid-19 no Brasil subiu 28,0%. Na região Sul, Santa Catarina e Paraná tiveram altas de aproximadamente 60% e, no Centro-Oeste, o Mato Grosso do Sul teve o maior crescimento, de 64%.

“Os Estados do Sul não preocupam tanto, porque parece que perceberam o problema e estão tomando medidas. Mas eu diria que temos que ficar atentos com o Mato Grosso do Sul e com Goiás, que está soltando várias notas de hospitais com 100% da capacidade atingida”, diz Nascimento.

De acordo com as projeções do CLP, o número de mortes por covid-19 no Brasil - de 88.539 até a última terça-feira, 28, quando o ranking foi fechado - deve crescer 15,1% nos próximos 15 dias, a 101.887. No período de um mês até o dia 27 de agosto, o centro espera ver aumento de 29,9% no acumulado, a 115 mil.

No Distrito Federal, pior colocado do ranking, o CLP estima crescimento de 43,9% no número de mortes até 12 de agosto, para 2.002, dos 1.391 registrados até o dia 28. Até o dia 27/8, a estimativa é de o número avance 77,5%, a 2.469. A alta mais intensa é esperada para Goiás, que teve 1.473 mortes até o dia 28 e pode ter crescimento de 43,18% em 15 dias (para 2.109) e 86,35%, para 2.745, no período de um mês.

Segundo Nascimento, os resultados do ranking até agora mostram que o desempenho dos Estados está fortemente ligado à manutenção de políticas de distanciamento social. A questão é puxada, principalmente, por uma incapacidade de garantir o cumprimento de protocolos de segurança quando há o afrouxamento das medidas, avalia.

“Nenhum Estado conseguiu reabrir sem criar impactos negativos de curto prazo. As pessoas acham que a vida está normal e a curva de casos e mortes aumenta, os hospitais lotam”, afirma Nascimento. “Tem uma incapacidade institucional de prover segurança. Você reabre e o ônibus, por exemplo, vai lotar, sempre lotou, não vai deixar disso agora.”

O que dizem os Estados

Por meio de nota, o governo do Rio de Janeiro disse que um gabinete de crise acompanha diariamente o desenvolvimento da covid-19 no Estado para fundamentar medidas. O Executivo fluminense afirmou que, de acordo com seu painel de risco, as baixadas litorâneas e o noroeste do Estado estão em nível de risco baixo e o restante do Estado, em risco moderado. A nota diz, ainda, que as medidas tomadas pelo governo desde março já preservaram cerca de 100 mil vidas.

Os governos do Distrito Federal, de Goiás, de Alagoas e de Roraima não responderam às tentativas de contato.

Contato: cicero.cotrim@estadao.com
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