Economia & Mercados
14/03/2022 09:17

Especial: siderúrgicas seguem mercado internacional e aumentam preços do aço no Brasil


Por Wagner Gomes*

São Paulo, 11/03/2022 - As siderúrgicas brasileiras estão aumentando o preço do aço, seguindo os passos do mercado internacional, que sofre o impacto do conflito no leste europeu. Segundo agentes do setor, os preços do vergalhão da Gerdau no Brasil já estão entre 6% e 9% mais altos. Até o final deste mês ou, no máximo, no início de abril será a vez da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), com aumentos de 8% a 10%. Usiminas não comenta a sua política de preços, mas deve seguir no mesmo caminho.

O aumento da Gerdau vem na esteira de uma equação de paridade de importação altamente descontada, de mais de 20%, ante níveis de equilíbrio de 5%. Em um relatório divulgado nesta semana pelo BTG Pactual, os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner disseram que os preços dos aços longos estavam com desconto em relação à paridade há um bom tempo, indicando que as condições de demanda permaneciam fracas, apresentando alguns desafios à implementação.

"No entanto, com a recente recuperação (acentuada) dos preços do vergalhão turco para cerca de US$ 880 (+30% no acumulado do ano) e pressões de custo renovadas (após o conflito Rússia/Ucrânia), o grande desconto no preço doméstico faz pouco sentido para nós. Acreditamos que a implementação parcial (pelo menos) seja provável", afirmaram.

Na CSN, Luis Fernando Barbosa Martinez, diretor executivo comercial, disse que a siderúrgica vai corrigir os valores dos produtos laminados, aços longos e de embalagens aproveitando a demanda forte por aço no Brasil. Duas semanas atrás, a companhia já havia informado seus clientes do mercado de distribuição de aços planos que elevaria seus preços com a retirada de parte dos descontos concedidos entre novembro e dezembro como forma de amenizar a concorrência com o aço importado.

Ontem, durante teleconferência com analistas para discutir os dados do quatro trimestre, Martinez voltou a tocar no assunto a pedido dos especialistas dos bancos. Ele explicou que no exterior os produtos subiram de preço assim que começou a guerra entre Rússia e Ucrânia. Disse ainda que o setor estava recuperando as suas margens por lá e que aqui no Brasil não seria diferente.

"Dentro da equação de oferta e demanda, alta forte dos custos, diminuição das importações e dólar haverá espaço para recuperar preço ainda neste mês ou início do próximo da ordem de 8% a 10%", comentou Martinez.

No ano passado, foram os reajustes de preços, juntamente com a alta no volume de vendas, os principais responsáveis para a CSN fortalecer os seus negócios e chegar a um faturamento de aproximadamente R$ 48 bilhões. Para 2022, a expectativa é que o mercado continue favorável em relação à demanda por aço, o que deve sustentar os preços internacionais nesse curto prazo, de acordo com diretor da companhia.

Conflito

Semanas atrás, pouco antes da guerra começar, o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, disse que possíveis sanções contra a Rússia poderiam ser benéficas em termos de preços e mercado para os exportadores brasileiros de aço. E foi exatamente isso que aconteceu. A oferta internacional de aço diminuiu com a interrupção do fornecimento de produtos russos e ucranianos, o transporte mundial de mercadorias interferiu no valor do frete e o preço subiu.

E o aço não foi a única commodity a avançar. Houve aumento nos preços do petróleo, principalmente, e também em alumínio, minério de ferro, níquel e paládio, itens exportados pelos dois países em guerra. Assim, os preços, que tinham arrefecido no fim do ano passado, voltaram a avançar.

Em uma reunião no início desta semana, os representantes da Coalizão Indústria informaram que o Índice de Commodities Brasil (IC-Br), medido pelo Banco Central, teve variação positiva acumulada de 39,3% de janeiro de 2021 a fevereiro de 2022. O IC-Br dos metais avançou 41,1% na mesma comparação. O índice global medido pelo Commodity Research Bureau (CRM) registrou aumento de 27,9% no mesmo período.

*colaborou: Beth Moreira

Contato: wagner.gomes@estadao.com
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