Economia & Mercados
21/05/2020 15:42

Semesp: taxa de evasão no ensino superior pode chegar a 34,1% em 2020


Por Ana Luiza de Carvalho

São Paulo, 21/05/2020 - Segundo projeções do Semesp, a pandemia do novo coronavírus deve contribuir para elevar o porcentual de evasão no ensino superior para 34,1%, índice que inclui trancamento de matrículas, desvinculados do curso e falecidos. A projeção da entidade para 2020 também inclui queda de 7,6% no número de matrículas e de 13,9% de ingressantes.

Rodrigo Capelato, diretor-executivo da entidade, afirma que a covid-19 deve provocar ainda queda na remuneração dos trabalhadores. O problema, porém, será mais ameno conforme a escolaridade. “Quem tem nível superior praticamente não vai ter problema em relação à desemprego, mas terá em relação à renda, com salários reduzidos”, pontua.

A entidade destaca que o nível de remuneração cresce conforme a escolaridade. De acordo com dados do Mapa do Ensino Superior no Brasil 2020, estudo divulgado hoje pelo Semesp, quem possui ensino fundamental tem rendimento médio de R$ 1.965, enquanto quem concluiu o ensino superior chega a R$ 6.004. Já para os concluintes de doutorado, a remuneração média é de R$ 12.142.

Para o Semesp, a pandemia deve transformar ainda o segmento presencial com a maior adoção das chamadas aulas digitais síncronas, realizadas ao vivo, o que permite maior flexibilidade em razão do deslocamento dos alunos. “Todo mundo tem falado que o presencial vai morrer, mas minha visão é que quem mais sofre nesse momento é o EAD, porque é aquele modelo assíncrono em as pessoas fazem mais por conveniência de preço do que efetivamente preferência”, explica Capelato.

O Mapa do Ensino Superior no Brasil 2020 aponta ainda que as matrículas nos cursos de graduação presenciais em todo o país caíram 2,1% entre 2017 e 2018, enquanto no segmento de educação à distância houve aumento de 16,9% nas matrículas. “O sistema como um todo tá crescendo, mas mais o EAD”, destaca Capelato.

O Semesp destaca que o aumento de matrículas não representa mudança na taxa de escolarização líquida do País, que considera o nível de estudo até os 24 anos de idade. Segundo dados da entidade, a modalidade é mais acessada por pessoas de faixa etária mais alta, que estão cursando segunda graduação ou que não acessaram o ensino superior logo após o fim do ensino médio.

A idade média dos alunos ingressantes no EAD em 2018 foi de 31 anos, com mediana de 30 anos. Em 2009, a idade média era de 32 anos, também com mediana de 30 anos. Já nos cursos presenciais, a idade média dos alunos é de 22 anos, com mediana de 25 anos. Em 2009, a média era de 23, enquanto a mediana foi de 26 anos. Capelato explica que o perfil do aluno que busca o EAD não teve grandes mudanças durante os últimos anos. “Ele faz um esforço maior, tenta conjugar família com trabalho, então o curso cabe mais nesse perfil”, afirma.

Perfil dos estudantes universitários

Entre os jovens de 18 a 24 anos, apenas 14,7% dos que se autodeclaram pretos cursam graduação. Entre os pardos, o porcentual é de 11,7%.

No mesmo recorte etário, 61,9% dos que têm renda familiar acima de oito salários mínimos frequentam ensino superior, enquanto entre os que têm renda de até meio salário mínimo apenas 10,5% têm acesso à faculdade.

Já no caso dos estudantes que se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 77% tinham até 24 anos de idade. Mais da metade do total de inscritos - 58% - era de mulheres, enquanto 80% são oriundos de escolas públicas. A porcentagem também é de 80% para os inscritos que têm renda familiar de até três salários mínimos. Cerca de 70% deles têm acesso à internet. Do total de 3,08 milhões que realizaram o exame, 1,181 se matricularam em instituições de ensino superior.

Contato: ana.carvalho@estadao.com
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