Economia & Mercados
23/09/2020 08:43

Especial: Volatilidade pode postergar algumas ofertas, mas não deve fechar janela


Por Fernanda Guimarães

São Paulo, 22/09/2020 - Com o aumento da volatilidade nos mercados em todo o mundo, diante do aumento de preocupações em torno de uma nova onda de infecção do novo coronavírus e dúvidas crescentes em relação ao ritmo de recuperação da economia global, algumas ofertas de ações podem ficar em risco, mas a percepção geral no mercado neste momento é de que a janela não deve se fechar para as operações, a menos que haja uma grande deterioração do contexto atual.

No ano até aqui, a Bolsa brasileira já foi palco de mais de trinta ofertas de ações, sendo que metade foram ofertas iniciais (IPOs, na sigla em inglês), ano bastante movimentando para as estreias na B3. O volume das emissões, no total, está em cerca de R$ 70 bilhões. Na fila para estrear há ainda mais 50 empresas, aproximadamente, sendo que mais de dez já estão em pleno roadshow e com precificações marcadas para as próximas semanas. Apenas esse grupo que tem as operações mais adiantadas pode somar mais de R$ 20 bilhões.

"Se a volatilidade se mantiver alta, algumas empresas podem decidir postergar as ofertas", comenta uma fonte de um banco de investimento, que falou na condição de anonimato. Uma que decidiu esperar mais é a Petrobras, que já tinha engatilhado a venda de sua participação remanescente de 37,5% da BR Distribuidora.

Algumas das últimas ofertas já tiveram pressão em relação aos preços. Para sair, por exemplo, três controladas da Cyrela tiveram que mexer no valor: Lavvi, Plano & Plano e Cury. A rede de farmácias Pague Menos também seguiu por esse caminho para atrair os investidores. Mesmo a Vitru, controladora da Uniasselvi, que na semana passada estreou na bolsa norte-americana Nasdaq, teve que reduzir não só o preço, mas também o volume total da oferta. "Há demanda, mas há seletividade. Os gestores estão olhando muitas ofertas nesse momento", comenta uma fonte.

Agora, olhando paras próximas operações, investidores apontam que há muita variedade de qualidade entre as que estão no pipeline. A percepção geral, conforme gestores consultados pelo Broadcast, é que mantidas as condições de mercado deste momento, algumas empresas terão sim demanda, ao passo que outras empresas podem acabar ficando de lado. A estrela da atual leva de IPOs, por exemplo, é o atacarejo Grupo Mateus, de presença na região Norte e Nordeste no País, que lançou sua oferta com demanda mais do que suficiente para o seu sucesso. "O Grupo Mateus se destaca nessa nova leva que está na rua", comenta um dos gestores.

"Algumas ofertas que foram lançadas são de empresas muito boas, com histórico de crescimento, essas serão mantidas e terão sucesso", diz um segundo gestor, que afirma que não tem tido tempo para analisar todas as ofertas e ainda estão sendo preteridas logo de cara.

Nos próximos dias, conforme apurou o Broadcast, algumas empresas que miravam o mês de outubro para a abertura de capital irão se reunir com os bancos que estão estruturando as ofertas para juntos definirem se darão largada nesse momento ou se aguardarão uma trégua da volatilidade. Uma das operações de peso que irá tomar essa decisão é a do banco BV, segundo fontes.

Outras empresas, que já realizaram conversas preliminares com investidores, caso da varejista de moda esportiva Track & Field, devem deixar para depois.

Outras ofertas jumbo, como a da Caixa Seguridade e Havan, seguem em conversas com investidores, ainda com a expectativa de serem precificadas no início de novembro.

Contato: fernanda.guimaraes@estadao.com
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