Por Gabriel Vasconcelos
Rio, 20/03/2024 - A disputa pela cadeira dos acionistas preferencialistas no Conselho de Administração da Petrobras promete ser acirrada. A briga pela vaga está em torno de Aristóteles Nogueira, indicado por Opportunity, XP e Ibiúna, e Jerônimo Antunes, indicado pela Templeton.
Aristóteles Nogueira
Ao Broadcast, o engenheiro mecatrônico especializado em finanças, Aristóteles Nogueira, disse já ter conversado com pouco mais de 30 fundos no Brasil e no exterior.
"Alguns fundos me contactaram pela importância de manter no Conselho alguém com perfil semelhante ao do Marcelo Mesquita, que faz excelente trabalho. Estou falando de conhecimento da indústria (do petróleo), com expertise financeira e de alocação de capital, alguém do mercado de capitais. Para esses fundos, a alocação de capital é o tema mais importante para a companhia no momento", disse.
Ele confirma a leitura de parte do mercado sobre a necessidade de um perfil mais acurado em finanças para complementar o universo de conselheiros minoritários que deve se reeleger, os advogados Francisco Petros e Marcelo Gasparino, além do empresário Juca Abdalla.
Questionado sobre a falta de experiência em grandes conselhos, apontada por analistas ao Broadcast, Nogueira afirmou que tem tentado mitigar esse ponto por meio de conversas com ex-conselheiros e executivos da companhia.
Na última quinta-feira, ele também esteve em reunião na Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) para debater o momento da Petrobras e apresentar ideias, mas não quis dar detalhes sobre sua participação no evento. Como já mostrou o Broadcast, o mote da discussão foi o risco atual à governança da estatal.
Jerônimo Antunes
Já Jerônimo Antunes destacou o fato de conhecer bem a estrutura de governança da Petrobras por tê-la restaurado junto a outros conselheiros, como Mesquita e o advogado Francisco Petros, que vai tentar a reeleição com boas chances de sucesso, segundo fontes do mercado.
De fato, Antunes coordenou o comitê de auditoria da companhia por três anos na principal fase de reconstrução da empresa pós-crise de 2014. "Minha ideia agora é robustecer essa governança dando continuidade ao trabalho feito no passado ações", disse ao Broadcast.
"Quero atuar em duas linhas: como guardião da governança corporativa e na sustentabilidade da empresa, prezando por estratégias que deem perenidade ao negócio. A alocação de capital tem que criar valor para a empresa, criar valor para os acionistas, certo. Aquilo que destruir valor, evidentemente terá minha oposição, mas atitudes radicais não levam a nada, O CA existe para se manifestar de forma ponderada. Esse é o ponto nevrálgico da atuação do conselheiro", continua.
O executivo aponta o risco da mudança na lei das estatais, ainda apoiada em decisão monocrática do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e atual ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, no ano passado e que aguarda votação em plenário.
"É preciso preservar o espírito da lei das estatais. No passado, nós colocamos (a lei das estatais) no estatuto para engessar, para que qualquer mudança dependesse de assembleia, e funcionou. Esse é o caminho novamente. É preciso ter força para alterar estatuto. A União tem maioria (no CA), força para alterar (o estatuto), mas nos cabe divulgar qualquer ataque, criar barreiras a isso, não dar brecha para indicações políticas com interesses conflitantes com os da companhia", conclui Antunes.
Currículos
Aristóteles Nogueira é engenheiro formado pela Unicamp e atua no mercado financeiro desde 2006. Nos últimos 10 anos trabalhou em grandes gestoras independentes de recursos como XP, Truxt e Opportunity. Ao longo da sua carreira teve foco principal nas empresas de commodities, incluindo petróleo. Ele possui as certificações CFA (Chartered Financial Analyst) , CGA (Certificação de Gestores ANBIMA), e participou do programa de desenvolvimento de conselheiros da Fundação Dom Cabral.
Jerônimo Antunes é mestre (1998) e doutor (2005) em Ciências Contábeis na área de especialização de Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo (USP), onde é professor concursado. Nos últimos anos, coordenou comitês de auditoria e participou de conselho de administração em diversas companhias como Petrobras, BR Distribuidora, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Paranapanema e Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô).
Antunes é graduado em Administração de Empresas e Ciências Contábeis. Tem experiência nas áreas de administração, com ênfase em Ciências Contábeis, atuando principalmente nas atividades de auditoria independente, assurance services, consultoria empresarial, perícia contábil e avaliação de empresas.
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