Economia & Mercados
27/01/2021 10:31

Abiquim: balança comercial tem déficit de US$ 30,4 bi em 2020, c/ volume recorde de importações


Por Wagner Gomes

São Paulo, 27/01/2021 - Com exportação menor e recorde no volume importado, o déficit na balança comercial de produtos químicos chegou a US$ 30,4 bilhões em 2020, superando estimativas da própria Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). As exportações atingiram US$ 10,9 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 41,4 bilhões no ano passado. Segundo a entidade, o indicador superou pela quarta vez em toda a história da balança setorial de produtos químicos a marca dos U$ 30 bilhões (anteriormente foram os anos de 2013, US$ 32 bilhões, de 2014, US$ 31,2 bilhões, e de 2019, US$ 31,6 bilhões).

A entidade aponta como preocupante no ano passado o agravamento do resultado desfavorável com países asiáticos (particularmente China e Índia), que, somados, passaram da representação de 20% (1/5) do total do déficit, em 2013, para praticamente 35% (1/3) do total, em 2020. Avaliando-se as trocas comerciais com os principais blocos econômicos regionais, em 2020, o Brasil foi superavitário apenas em relação aos países vizinhos e históricos parceiros comerciais, do Mercosul e da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração), respectivamente saldos comerciais de US$ 1 bilhão e de US$ 276 milhões.

Entretanto, segundo a Abiquim, foram novamente registrados resultados estruturais negativos expressivos em relação à União Europeia e ao Nafta (América do Norte), que somados ultrapassaram um déficit agregado de US$ 14,8 bilhões, além do mencionado crescente desbalanceamento com a Ásia (déficit com essa região se amplia de US$ 4,3 bilhões, em 2010, para US$ 10 bilhões, em 2020). O presidente-executivo da Abiquim, Ciro Marino, diz que a indústria brasileira, sobretudo a química, "é um ativo estratégico para o Brasil e deve ser amparada por políticas públicas consistentes, perenes e de Estado, especialmente em matérias econômicas e comerciais". Em nota, ele defende medidas para garantir segurança jurídica capaz de assegurar um ambiente de negócios que dê ao setor condições de demonstrar toda a sua já comprovada competitividade da porta para dentro.

"É fundamental resolver as limitações que o Custo Brasil apresenta para o exercício pleno de seu potencial produtivo", destaca Marino.

O Brasil importou US$ 41,4 bilhões em produtos químicos em 2020, valor total pago pela aquisição das mais de 51,5 milhões de toneladas, recorde em volume importado pelo País ao longo de toda a série histórica de acompanhamento da balança comercial setorial da Abiquim desde 1989. Na comparação com os resultados de 2019, foi registrada uma redução de 6,3% no valor monetário das importações, mas uma significativa elevação de 8,2% nas quantidades físicas adquiridas, em especial tendo em vista as graves conjunturas econômicas global e nacional decorrentes da pandemia de covid-19.

Quando comparadas com as 37,5 milhões de toneladas de 2013, ano em que foi registrado o maior déficit no histórico da balança comercial de produtos químicos, de US$ 32 bilhões, observa-se um aumento de 37,5%, sobretudo em produtos químicos orgânicos e para o agronegócio, para os quais o Brasil tem domínio técnico e expertise empresarial de produção e poderiam ser fabricados no País, "diminuindo a dependência externa em cadeias estratégicas, caso as condições de competitividade em fatores de produção como energia, gás natural e logística, fossem favoráveis para a atração de investimentos".

Entre os grupos acompanhados, os intermediários para fertilizantes foram perceptivelmente o principal item da pauta de importação do setor com compras de praticamente US$ 7,2 bilhões, em 2020, equivalentes a 61,7% (31,8 milhões de toneladas) das 51,5 milhões de toneladas em compras externas de produtos químicos.

As exportações brasileiras de produtos químicos, por sua vez, de US$ 10,9 bilhões, em 2020, tiveram redução de 13,6% na comparação com o ano anterior, considerando uma movimentação de 14,7 milhões de toneladas para os mercados de destino, com reduções consideráveis nas quantidades exportadas de gases industriais (37,1%), de produtos orgânicos (8%), de resinas e elastômeros (13,3%) e de químicos diversos (2,2%), todos esses grupos de mercadorias centrais no enfrentamento da pandemia. A Abiquim diz que isso reflete o firme compromisso da indústria química brasileira em priorizar a manutenção de suprimento no mercado interno tanto nos momentos mais críticos da covid-19 quanto também agora no movimento de retomada da economia.

contato: wagner.gomes@estadao.com
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