Economia & Mercados
29/04/2021 17:45

Fechamento câmbio: Dólar firma queda no final e cai a R$ 5,33, menor nível desde janeiro


Por Altamiro Silva Junior

São Paulo, 29/04/2021 - O dólar operou a maior parte do dia com oscilações contidas, firmando queda apenas perto do fechamento, para encerrar no menor nível desde 20 de janeiro. A moeda americana operou volátil, alternando altas influenciadas pelo exterior, em dia de pressão nos juros longos americanos, e baixas com relatos de fluxo externo vindo para o Brasil, refletindo a semana com empresas abrindo capital, como a Boa Safra Sementes e a Caixa Seguridade, captações externas e amanhã a privatização da fluminense Cedae.

No fechamento, o dólar à vista encerrou a quinta-feira com queda de 0,47%, a R$ 5,3365. No mercado futuro, o dólar para maio, que vence amanhã e tem liquidação na segunda-feira, tinha leve baixa de 0,04% às 17h40, a R$ 5,3450, mas chegou na mínima a cair a R$ 5,32.

Desde meados de abril o real engatou melhora em ritmo mais intenso que seus pares, saindo de níveis acima de R$ 5,60 para R$ 5,33 hoje, destaca a analista de moedas e emergentes do Commerzbank, Melanie Fischinger. Até então, ao contrário, o real vinha sendo em 2021 uma das piores moedas de emergentes.

Enquanto divisas pares do Brasil voltaram a patamares de antes de pandemia, ou ao menos a números próximos, o real ainda está bem distante, cita Fischinger.

A aprovação do Orçamento de 2021 sem romper o teto, a sinalização esta semana de avanço da reforma tributária, mesmo que fatiada, e da administrativa, além da perspectiva de elevação dos juros pelo Banco Central estão contribuindo para retirar pressão do câmbio, avalia a analista. "Mas permanecemos céticos", observa, citando que gastos foram deixados fora do teto no Orçamento e que a dívida do Brasil segue elevada e acima dos pares, além do que novas pressões para mais gastos podem surgir.

"Até que os investidores estejam convencidos de que haverá prioridade na consolidação das finanças nacionais e na implementação de reformas, o real terá dificuldade de apreciação", comenta a analista do Commerzbank. Hoje o Tesouro divulgou que houve superávit primário em março, R$ 2,1 bilhões, o melhor desempenho para o mês desde 2014 e no teto das estimativas. Contudo, o órgão calcula que a dívida bruta deve fechar o ano em 87,2% do PIB, bem acima da média dos emergentes. Na batalha por mais gastos públicos até agora em 2021, o Congresso está vencendo o governo, ressalta relatório da consultoria TS Lombard.

Há ainda ruídos em Brasília que vêm sendo monitorados pelas mesas de câmbio, mas hoje sem efeitos nas cotações. Entre eles, as discussões sobre a constitucionalidade da autonomia do Banco Central e no Supremo sobre o censo do IBGE. Neste ambiente, o economista e sócio da JF Trust Gestão de Recursos, Eduardo Velho, estima suporte para o dólar em R$ 5,33. O fluxo externo tem ajudado, além do sinal do Federal Reserve que nem começou a discutir a retirada dos estímulos extraordinários e do novo pacote fiscal de Joe Biden, fatores que beneficiam moedas de emergentes.

Contato: altamiro.junior@estadao.com
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