Economia & Mercados
19/05/2020 19:17

Especial/Câmbio: Cotação atual do dólar, em termos reais, ainda está abaixo do valor pré-Lula


Por Fabrício de Castro

Brasília, 19/05/2020 - Apesar da disparada do dólar nas últimas semanas, em função da pandemia do novo coronavírus e da crise política no Brasil, o valor da moeda americana em termos reais (considerando a inflação no período) ainda está longe de superar o preço visto em outubro de 2002. Na época, o mercado de câmbio enfrentava o auge das preocupações com a iminente chegada de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.

Há pouco, o dólar à vista negociado no Brasil subia 0,25%, aos R$ 5,7349. Na quinta-feira passada, a divisa chegou a ser negociada a R$ 5,9718, o que representa o maior valor nominal da história. Este não é, porém, o maior valor real já visto no Brasil.

Isso porque, em 10 de outubro de 2002, o dólar atingiu a cotação nominal de R$ 3,99. Na época, muitos investidores retiravam recursos do Brasil, com medo de uma guinada na política econômica comandada, até aquele momento, pelo PSDB. Este valor, se fosse atualizado com base no IPCA (inflação oficial do Brasil) e no CPI (índice de preços americano), seria hoje equivalente à cotação nominal de R$ 7,85. O cálculo foi feito a pedido do Broadcast pelo economista Alexandre Cabral, professor do Ibmec-SP.

"O dólar está trabalhando hoje na casa de R$ 5,73 por vários motivos. Entre eles, está o fato de a Selic (a taxa básica de juros) estar baixa no Brasil, o que desestimula a vinda de investimentos para a renda fixa. Além disso, há os problemas relacionados à pandemia do novo coronavírus e à política", avalia Cabral. "Acho pouco provável que a moeda americana bata nos R$ 7,85, o que representaria um novo recorde histórico, mas ainda teremos muitas oscilações nas próximas semanas."

De acordo com Cabral, a pressão no câmbio pode se intensificar à medida que forem sendo divulgados dados sobre a economia, tanto do Brasil quanto do restante do mundo. Além disso, estarão no foco informações sobre a possibilidade de surgimento de vacinas contra a covid-19 e sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Contato: fabricio.castro@estadao.com
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