Economia & Mercados
15/04/2019 18:04

Rubens Ricupero diz que hoje o Itamaraty só não está pior avaliado que o MEC


Por: Francisco Carlos de Assis e André Ítalo Rocha

São Paulo, 15/04/2019 - A avaliação do Itamaraty hoje só não é pior que a do Ministério da Educação, dada às muitas confusões que o MEC protagonizou recentemente, disse há pouco o ex-embaixador e ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero, que participou até há pouco do Fórum Veja Exame 100 dias de governo, que o grupo Abril realiza hoje em São Paulo. "Isso leva a um problema de contradição e essencial difícil de se resolver", disse o ex-ministro.

Ricupero disse também que esse valor que se tem dado à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), organismo para o qual o Brasil tem se esforçado para fazer parte, não corresponde à realidade. "Tanto que a Grécia, que é um exemplo de país falido, faz parte da OCDE. México faz parte da OCDE. Como dizem nos Estados Unidos, estão vendendo a OCDE a um valor acima do que ela tem", disse.

Ricupero, que se autodenomina um historiador do comércio exterior brasileiro, diz que passou muitos dos seus anos no Ministério de Relações Exteriores e nunca conheceu ou ouviu falar do atual titular da pasta, o chanceler Ernesto Araújo.

"Quem pensa no governo é o Paulo Guedes e o Sérgio Moro. O Ernesto Araújo não tem nenhuma importância", disse o ex-ministro da Fazenda. Para ele, ao falar que pretendia transferir a embaixada brasileira de Tel-Aviv para Jerusalém, o que não se concretizou, mas que trouxe desgastes, o governo Bolsonaro arrumou problemas com os países do mundo árabe e, em especial com o Irã, um dos maiores importadores de frango, milho e soja do Brasil em 2018. "O Irã se tornou numa potência e faz sombras aos aliados dos Estados Unidos, como Israel e Arábia Saudita", disse o ex-embaixador.

Para o ex-ministro, a visita de Bolsonaro aos Estados Unidos teve um caráter quase religioso. "Aquele jantar em homenagem ao Steve Bannon [ex-estrategista do presidente americano, Donald Trump], uma espécie de príncipe das trevas, é inconcebível."

Ainda segundo Ricupero, o Itamaraty hoje está sob a tutela do vice-presidente Hamilton Mourão e da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. "Há um grupo que aparece para minimizar os estragos feitos pelo chanceler. Principalmente o general Mourão tem evitado que o chanceler Ernesto Araújo invada a Venezuela", disse.

Contato: francisco.assis@estadao.com, andre.italo@estadao.com
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