Economia & Mercados
22/10/2020 09:12

Big Techs estão entre as mais demandadas para estreia de BDRs no varejo


Por Ernani Fagundes

São Paulo, 22/10/2020 - As grandes empresas norte-americanas de tecnologia - também conhecidas por Big Techs - estarão entre os recibos de ativos estrangeiros mais demandados por investidores pessoas físicas na estreia hoje dos BDRs no varejo, após a aprovação na última terça-feira (20/10) do regulamento da B3 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Antes, o acesso desses ativos era restrito para investidores qualificados, com mais de R$ 1 milhão em patrimônio financeiro.

Na opinião de especialistas consultados pelo Broadcast, nessa primeira onda de aportes, as BDRs de Apple, Amazon, Alphabet (dona do Google) e Facebook estarão entre mais demandadas. "O preço das big techs subiu muito, mas elas também entregaram resultados nos últimos 10 anos. Houve até uma realização saudável nas últimas semanas. O risco é da eleição americana, uma vitória democrata pode significar mais impostos para empresas e pessoas físicas. Haverá mais estímulos no curto prazo, mas os riscos par o longo prazo aumentam", avalia Guilherme Giserman, estrategista internacional da XP.

Para Betina Roxo, estrategista-chefe da Rico Investimentos, as big techs estão na preferência dos investidores do varejo, mas ela também vê riscos derivados da eleição presidencial norte-americana. "Uma taxação das empresas pode ter um reflexo no S&P 500, onde estão listadas as (empresas das) principais BDRs", afirma Betina.

Mas Giserman ainda aponta mais riscos para as gigantes. "Há uma grande preocupação com aspectos regulatórios. Recentemente, o Google foi criticado por algumas autoridades como um monopólio. Isso aconteceu com a Microsoft nos anos 90, a empresa de Bill Gates tinha crescido muito e ficou muito desgastada com a briga regulatória e não participou, na época, de algumas inovações do mercado, como o surgimento dos smartphones", lembra.

O estrategista considera que setores de biotecnologia e de saúde estão em melhor momento de atenção pelos investidores globais. "Mesmo assim ainda há um risco de uma política de saúde nos Estados Unidos pelos democratas que não favoreça o setor privado", comenta. Entre os papéis mais procurados entre as BDRs fora do círculo das big techs, estão os da área farmacêutica, como o da Johnson & Johnson.

Betina, da Rico, observa que o investimento em BDRs também exige um estudo e uma análise mais fundamentalista dos diversos setores e dos resultados das empresas. "Mas há muitas opções de setores que são limitados no Brasil, como tecnologia e saúde", diz.

Para Igor Cavaca, analista de investimentos da plataforma Warren, existe muita incerteza sobre os reflexos da eleição americana sobre os papéis globais. "O setor de tecnologia está na moda, mas não por ser moda, são grandes empresas com estruturas financeiras muito fortes como Apple, Amazon e Microsoft, e com cobertura sobre esses papéis", afirma.

Fora da moda tecnológica, ele cita que os grandes bancos internacionais mostraram neste terceiro trimestre um aumento do crédito forte, e estão sólidos na crise. "A área de alimentos também teve menos impactos, e os papéis são menos voláteis", completa o analista da Warren.

Carteiras para outubro

Na estreia das BDRs no varejo, Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, alerta para o risco cambial desse tipo de investimento. "Embora as transações sejam em reais, as cotações das empresas são em dólar - assim, na prática, o investidor aplicará em ações e câmbio ao mesmo tempo", afirma Chinchila, em nota.

A primeira carteira mensal listada pela Terra Investimentos para investidores de varejo reúne os seguintes recibos: Apple, Amazon, Alibaba, Alphabet (Google), Tesla, Deere & Company (bens de consumo), PayPal, SalesForce.com, Facebook e Johnson & Johnson.

Já na carteira para outubro da BB Investimentos estão listados os papéis da Apple, Amazon, Alibaba, JD.com (consumo cíclico), Nvidia (tecnologia), PayPal, SalesForce.com, Tesla, Texas Instruments (bens de capital), United Parcel Service (transportes e logística).

Em carteira divulgada hoje (22), antes da abertura do mercado no Brasil, a área de Research internacional da XP listou os seguintes recibos: Facebook, Johnson & Johnson, Amazon, Microsoft, Alphabet (Google), Disney, Activision Blizzard, Berkshire Hathaway, Nike e Alibaba.

Contato: ernani.fagundes@estadao.com
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