Economia & Mercados
29/09/2021 12:13

Especial: Sobrecontratação de energia e cenário atual devem minguar leilão A-5


Por Leandro Tavares

São Paulo, 29/09/2021 - Assim como o visto nos leilões de geração de junho e julho, o leilão A-5 que será realizado amanhã, 30, deve também ter baixa demanda em função da sobrecontratação de energia pelas distribuidoras, a situação econômica que pode minguar o interesse dos investidores, além da atratividade das empresas pelo mercado livre, onde o preço é negociado entre as próprias companhias, diferentemente do mercado regulado.

O leilão A-5 é destinado para novos empreendimentos a partir de fontes hidrelétricas, eólica, solar fotovoltaica e térmicas a biomassa, a gás natural, a carvão mineral e de tratamento de resíduos sólidos urbanos. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) cadastrou 1.694 projetos para o certame, totalizando uma oferta de 93.859 megawatts (MW), com início de suprimento em 2026.

Os prazos variam de acordo com a fonte. Os contratos por quantidade serão de 25 anos para empreendimentos hidrelétricos e de 15 anos para projetos de energia eólica e solar. A contratação na modalidade por disponibilidade valerá para usinas termelétricas, com prazo de suprimento de 20 anos.

Segundo o pesquisador sênior do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ), Roberto Brandão, esse certame deve ser fraco, já que está baseado nas distribuidoras que estão com contratos encerrando nesse horizonte, além do crescimento do mercado cativo, que na verdade não acontece.

"É de crescimento (o mercado das distribuidoras), mas de crescimento baixo. As distribuidoras têm perdido para o mercado livre. Então se a parcela total das distribuidoras cai, o mercado delas não cresce", explica o pesquisador.

Para Brandão, é possível que uma ou outra distribuidora precise contratar energia, mas a necessidade é baixa. "No geral, eu espero muita oferta e pouca demanda. O futuro do mercado será no livre e não no regulado". O pesquisador explica que os consumidores estão migrando do mercado cativo para livre contratando energia no longo prazo, por meio de parceiras de auto produção, muito voltado para eólica e solar.

Outra fonte que falou com o Broadcast Energia, mas sob a condição de anonimato, já que está assessorando dois grupos que vão participar do leilão A-5, a demanda será tímida como nos leilões anteriores. "A oferta de projetos é enorme, mas a demanda deve ser tímida".

Nos leilões de junho, apenas três empresas compraram energia no A-4. A Light, distribuidora do Rio de Janeiro, comprou o equivalente a 9.852 megawatt-hora (MWh), enquanto a Cemar, da Equatorial Energia, que atende o Maranhão, contratou 1.669 por MWh, e a Celpa, também da Equatorial, requereu o total de 1.401 por MWh. No A-5, apenas a Cemar e a Celpa demandaram energia, com a aquisição de 4.320 por MWh e 4.121 por MWh, respectivamente.

No certame A-3, realizado em julho, assim como no leilão de junho, apenas três distribuidoras compraram energia. A Light comprou o equivalente a 13.200 por MWh, enquanto a Cemar contratou 3.817 por MWh, e a Celpa requereu o total de 1.653 por Mwh.

Para o leilão de amanhã, que será realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e operacionalizado pela Câmara de Comercialização de Energia (CCEE), o diretor técnico da PSR, Rodrigo Gelli, afirma que pelo acompanhamento da consultoria não precisava ter nova contratação para suprimento em 2026. "A expectativa de contratação é menor do que 1 GW (gigawatts) médio.

Contato: energia@estadao.com
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