Economia & Mercados
17/09/2021 21:03

Att: Vale perde R$ 140 bilhões em valor de mercado em meio a derretimento do minério desde pico


Att. senhores assinantes,

A nota divulgada às 10h13 saiu com a perda de valor de mercado da Vale em milhões. Segue nota corrigida:

Por Niviane Magalhães

São Paulo, 17/09/2021 - Desde quando o minério de ferro negociado no porto de Qingdao, na China, atingiu o pico em 12 de maio, cotado a US$ 237,57 a tonelada, e iniciou sua trajetória de queda, a ação da Vale caiu 23,09%, totalizando perda de R$ 139,51 bilhões em valor de mercado. Naquela época, o papel da mineradora estava no patamar de R$ 114 e ontem fechou a R$ 87,93, ficando abaixo de R$ 90 pela primeira vez desde 23 de março.

A commodity, por sua vez, despenca 57% desde o seu pico, levando em consideração ao novo derretimento de 4,91% nesta sexta-feira, fechando a US$ 101,95 a tonelada. Os economistas Nicolas Borsoi e Matheus Jaconeli, da Nova Futura, acreditam que nem mesmo o robusto dividendos anunciados ontem, acima do esperado pelo mercado, podem ser capazes de dar algum ímpeto à ação na sessão de hoje. Isso porque o rol de incertezas se ampliou, deixando os investidores às cegas de quando a China irá interromper ou reduzir suas restrições à produção de aço com o objetivo de diminuir as emissões, fator que levou principais corretoras da China a rebaixarem a recomendação de compra para a commodity hoje, de acordo com um operador.

Em agosto, o gigante asiático produziu 83,24 milhões de toneladas de aço bruto, queda de 13,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China. De acordo com o banco australiano ANZ, este foi o nível mais baixo desde março de 2020. Embora não saibamos o tamanho dessas restrições, "espera-se que elas continuem até o final do ano, à medida que as províncias buscam atingir as metas de emissão", de acordo com a ANZ Research.

Rafael Passos, sócio da Ajax Capital, ressalta que nas últimas semanas, a China vem encerrando plantas de produção de aço que estão fora do padrão ambiental, além de incluir medidas tarifárias/restritivas de exportação ao aço chinês - aço produzido na região não pode ser exportado. Assim, essas medidas vêm pressionando o preço da commodity, que seguiu em tendência de queda, assim como o minério de ferro, que é amplamente utilizado na produção do aço.

"Com os planos da China de limitar a produção ao nível do ano passado, vemos a produção caindo 11% na comparação anual no segundo semestre de 2021", escreveu o banco australiano, acrescentando que isso pode resultar na perda de 87 milhões de toneladas de demanda de minério de ferro. Em meio a isso, o banco UBS rebaixou hoje a recomendação do American Depositary Receipt (ADR) da Vale de compra para venda, com preço-alvo de US$ 15, o que implica em potencial perda de 10% em relação ao fechamento de ontem.

Além disso, Passos acrescenta que a situação permanece com pouca visibilidade, e muitas incertezas, especialmente após evento de liquidez da Evergrande, a segunda maior incorporadora da China. Na última semana, as autoridades chinesas já haviam informado que a Evergrande não conseguiria pagar os juros dos empréstimos que vencem na próxima segunda-feira (20), sem alguma reestruturação da dívida, o que levado as ações da empresa a caírem com força esta semana. Afinal, maior parte do capital de giro da companhia é utilizada para retomar a construção de projetos em andamento.

O Governo ainda busca uma solução, com provável reestruturação da companhia, repassando os projetos incompletos da Evergrande para outras incorporadoras locais em troca de parte dos bancos de terrenos. Ainda ontem, o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) injetou US$ 14 bilhões em liquidez no sistema financeiro, a fim de “tranquilizar” parte do mercado. "Também não se descarta novas medidas de apoio do Governo para tentar resgatar a Evergrande, já que com um passivo de mais de US$ 300 bilhões, um eventual default da empresa impactaria bancos, fornecedores, consumidores e investidores, com possibilidade de contágio à outros mercados", comenta, além do risco algum contágio das próprias empresas de construção, segmento que mais utiliza minério de ferro.

Contato: niviane.magalhaes@estadao.com
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