Economia & Mercados
02/07/2018 16:44

FGV/Picchetti: IPC-S de julho deve ser de 0,3% (1,19% em junho), após greve dos caminhoneiros


São Paulo, 02/07/2018 - Passado o efeito da greve dos caminhoneiros, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) de julho deve fechar o mês com uma taxa de 0,30%, bem menor que a de 1,19% de junho, estima o coordenador do indicador da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti. Além do impacto da paralisação da categoria no fim de maio que afetou a oferta de alimentos, ele acrescenta que a mudança da bandeira energética de amarela para vermelha 2 também pressionou o IPC-S de junho.

"Essa pressão em Alimentação ainda foi influenciada pela questão sazonal. Preço do leite longa vida, que já estava subindo por causa da greve, é um dos que enfrentam problemas nesta época do ano. É difícil separar um efeito do outro. A tendência é que continuem subindo", avalia, ao esperar 0,30% para o IPC-S de julho ante 1,19% em junho. Para o IPC-S de 2018, elevou a projeção de 3,80% para 4,10%.

No encerramento do IPC-S de junho, o leite longa vida ficou 12,77% mais caro após 8,24% na terceira quadrissemana. "E já está avançando mais de 18% na ponta [pesquisa recente]. Daqui para frente, é predominantemente sazonal. Já os demais alimentos devem devolver a alta de junho", diz.

Picchetti cita como exemplo o segmento de hortaliças e legumes, cuja variação passou de elevação de 10,88% na terceira leitura de junho para recuo de 1,90% no encerramento do mês. Dentre os destaques, menciona tomate, de alta de 8,29% para queda de 8,16%; cebola, de alta de 6,80% para declínio 4,72%; e batata, com taxa ainda positiva, mas com desaceleração (de 39,95% para 7,86%). O economista adianta que esses produtos já estão recuando cerca de 20% nos levantamentos recentes. "As frutas também, passaram de alta de 2,55% para 0,62%, com queda de 1,38% da laranja [de alta de 3,51%]", acrescenta.

Combustíveis
Os combustíveis, que também pressionaram o IPC-S de junho em decorrência da greve dos caminhoneiros, devem dar uma trégua. "Tivemos variações elevadas em junho, mas já há indicação de que as taxas estão zerando", adianta.

Entre a terceira e a quarta quadrissemana de junho, a taxa de combustíveis ficou positiva 4,86% para 3,69%. Os preços da gasolina arrefeceram de 5,55% para 4,12%, enquanto os do etanol, saíram de 3,64% para 3,11%. O grupo Transportes, por sua vez, saíram de 1,45% para 1,25%. "Habitação também ficou elevado em junho, mas pode pressionar menos, já que a bandeira vermelha 2 foi mantida. Deve continuar alto, mas não tende a acelerar", diz, ao referir-se à modificação, já que a amarela tem custo menor que a vermelha 2 nas contas de luz. Em junho, o grupo Habitação teve alta de 1,93% depôs de 1,51% na terceira quadrissemana.

Câmbio
A despeito dos efeitos temporários da greve dos caminhoneiros sobre a inflação, Picchetti ressalta que houve uma mudança na dinâmica de preços em parte puxada pela elevação cambial. O segmento de preços comercializáveis, cita, já está sentindo os efeitos do dólar mais elevado, porém, a magnitude ainda é considerada pequena. A categoria passou de recuo de 0,06% em maio para elevação de 0,35% no sexto mês do ano. "Tem algum repasse, mas ainda não é forte em relação a outros momentos."

Além disso, completa, a medida de núcleo do IPC-S dá uma visão mais clara sobre a tendência inflacionária mais pressionada. O núcleo do IPC-S saltou de 0,19% em maio para 0,46% em junho, com a taxa acumulada em 12 meses indo de 3,08% para 3,34%. O IPC-S, por sua vez, saiu de 0,41% para 1,19% em junho, acumulando 4,43%, de 2,87% em 12 meses até maio. Com isso, alterou a projeção para o IPC-S deste ano de 3,80% para 4,10%. "Já imaginávamos uma mudança na estimativa para cima, mas o número de junho impôs uma alteração mais forte", explica.

A alta de 1,19% no sexto mês ficou abaixo da mediana de 1,23% da pesquisa do Projeções Broadcast, mas dentro do intervalo de 1,13% a 1,35%. A taxa foi mais alta para o mês da série histórica do indicador. Em 12 meses, acumula 4,43%. A estimativa de 0,30% para o dado de julho, se confirmada, ficará menor que a de 0,38% de julho de 2017. (Maria Regina Silva - maria.regina@estadao.com)
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