Economia & Mercados
07/07/2020 09:04

Plano Nacional de Energia 2050 vai propor que Brasil aumente parque nuclear para até 10 MW


Por Denise Luna

Rio, 06/07/2020 - O Plano Nacional de Energia (PNE) 2050 chegou ao desenho final da proposta para expansão da energia nuclear no Brasil. Será proposto que o parque nuclear brasileiro seja ampliado para uma oferta entre 8 e 10 gigawatts nos próximos 30 anos, contra os 2 GW hoje existentes.

A consulta pública do PNE 2050 deverá ser aberta na próxima semana, segundo o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Reive Barros, em evento online promovido pela Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan).

A oferta de até 8 GW seria em um cenário no qual a energia solar tivesse maior participação na matriz energética e 10 GW se essa participação for menor.

De acordo com Reive, o cálculo levou em conta o potencial de fornecimento de combustível para as usinas que pode ser produzido no Brasil. Apenas 30% do território do País foi prospectado para urânio. "É o suficiente para que o Brasil não seja dependente de importação, foi esse o cálculo que fizemos", disse Barros.

Para o secretário, a primeira ação do governo deverá ser de comunicação sobre a fonte nuclear. O objetivo é esclarecer a sociedade sobre a necessidade da área nuclear, que não é limitada à geração de energia, mas aplicável a setores como medicina, Defesa e agricultura.

"Só os iniciados sabem a importância e o valor da fonte nuclear, é preciso mostrar a toda a sociedade a segurança da fonte e suas várias utilidades, de agora até 2030, de 2030 até 2050", disse.

Reive não estipulou uma data para iniciar a construção das usinas, mas afirmou que o processo deve começar após a conclusão da usina nuclear Angra 3.

Ele disse ainda que os estudos mostram ser possível fazer pequenos reatores de até 300 megawatts (MW) em localidades próximas aos centro de consumo. Este deverá ser o modelo adotado, deixando para trás grandes usinas como as três de Angra dos Reis (RJ). Juntas, elas vão somar 3 GW quando Angra 3 estiver em operação.

Além do desafio da comunicação, os recursos para investimentos tendem a se tornar mais escassos, de acordo com ele. "No pós-pandemia, a briga por recursos será ainda maior", afirmou.

Outros desafios seriam a promoção de adequações institucionais, legais e regulatórias à expansão da energia nuclear; expansão da vida útil dos reatores e definição de regras para o descomissionamento das usinas; além de ampliar o conhecimento sobre os recursos minerais do Brasil.

Segundo o secretário, atualmente a energia nuclear é responsável por 10% da produção global de energia elétrica no mundo e a segunda maior fonte de energia de baixo carbono, atrás apenas da hidroeletricidade.

contato: denise.luna@estadao.com
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