Londres, 20/11/2018 - A diretora global de crédito soberano da Pimco, Lupin Rahman, não vislumbra um cenário de retomada do grau de investimento pelo Brasil no curto prazo. "Talvez depois de uma reforma da Previdência, que ainda precisa ter o primeiro passo", disse a investidores em Londres, durante encontro anual do Itaú BBA para a América Latina e também do evento Macro Vision, realizado uma vez por ano na capital britânica.
A especialista comentou que, além das questões internas, os mercados emergentes de um modo geral estão tendo de aprender a lidar com uma situação macroeconômica diferente de alguns anos atrás, quando a liquidez global era abundante.
Os ciclos de aperto monetário, de acordo com ela, mostraram que estão em diferentes momentos depois que o banco central americano, Federal Reserve (Fed), iniciou sua trajetória de alta dos juros. E isso, afirmou, é um desafio para as economias de países em desenvolvimento.
"Temos de ver como os mercados emergentes vão reagir à alta do dólar e dos juros nos Estados Unidos. É um pouco estranho ver bancos centrais nos falando cada vez de forma mais hawkish (conservadora), mas agindo de maneira dovish (flexível). É uma coisa que tem preocupado investidores e, provavelmente, terão que ser mais proativos", considerou. Ela lembrou que alguns tiveram que mostrar ações mais contundentes por questões de crises específicas, como Argentina e Turquia. "Quando as condições ficam mais duras, é preciso ter uma reação mais forte", pontuou.
Outro desafio que permeia as economias emergentes, de acordo com Lupin, é a questão fiscal e do baixo crescimento. Em relação ao endividamento dos países, tema que ganhou espaço em vários estudos de institutos multilaterais, a economista salientou que, no caso brasileiro, trata-se de um volume "maior do que deveria ser". "Mas não vejo um problema aí", minimizou. (Célia Froufe, correspondente - celia.froufe@estadao.com)
