Política
15/04/2018 17:48

Capacidade de transmissão de votos lulistas para demais candidatos pode determinar eleições


São Paulo, 15/04/2018 - Uma das principais constatações deixadas pelo resultado da pesquisa Datafolha, divulgada neste domingo (15), é de que o eleitor que originalmente votaria no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste ano ainda está sem rumo caso o petista fique de fora da disputa. Com isso, a capacidade de transmissão destes votos a outros candidatos tende a ser determinante para o pleito. A avaliação é do cientista político da consultoria Pulso Público, Vitor Oliveira.

"Esta pesquisa se tornou interessante para medir o significado da prisão do Lula e marca o ponto de partida para uma nova mensuração. Está muito claro que o eleitor lulista está órfão de orientação, caso o ex-presidente não seja candidato, e a insistência do PT em mantê-lo como o único nome talvez não seja a melhor ideia", avalia o especialista. Para Oliveira, o partido precisa traçar uma estratégia de comunicação capaz de transferir os votos de Lula a outro presidenciável.

De acordo com a pesquisa, dois de cada três eleitores do ex-presidente deverão votar em quem ele apoiar e um terço afirma que não tem opção e prefere optar pelo Branco ou anular o voto, com base nos candidatos restantes. Com Lula candidato, o índice de brancos e nulos gira em torno de 13% a 14%. Ao excluir o petista, este porcentual vai para 23%.

As opções cogitadas pelo Datafolha como substitutos diretos de Lula, Fernando Haddad e Jacques Wagner, "estão longe de conseguir resgatar votos", afirma Oliveira. Segundo o cientista político, um terço do eleitorado lulista se distribui entre Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT), o que gera uma ameaça mais crível à polarização entre PT e PSDB. No entanto, vale ressaltar que o retrato desta pesquisa considera um período pré-campanha, ou seja, a campanha efetiva - com tempo de televisão e esforço de cabos eleitorais - tem força para mudar o cenário e deixar candidatos "alternativos" de fora do segundo turno.

"Só a força que o PSDB tem em São Paulo já é suficiente para ajudar um candidato de direita a chegar no segundo turno", projeta Oliveira. O governador do Estado e pré-candidato tucano Geraldo Alckmin (PSDB), atualmente, figura nas pesquisas entre 6% e 7% das intenções de voto, atrás de nomes como Joaquim Barbosa (PSB), Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes. Mas quando a campanha se intensificar, o cientista acredita que há espaço para o crescimento de Alckmin, pois o eleitorado destes demais candidatos ainda é considerado "frágil".

As alianças também devem cumprir um papel fundamental na disputa pela Presidência, seja entre os partidos mais à esquerda ou direita. "Acho muito difícil que o PT abra mão de um candidato próprio, porém, uma aliança com Manuela d'Ávila na posição de vice, por exemplo, poderia reforçar a campanha", estima o especialista. Na mesma linha, é difícil enxergar um cenário em que Guilherme Boulos (PSOL) abandone a pré-candidatura, mas uma coordenação entre os partidos de esquerda poderia ser uma saída relevante para manter os votos que originalmente seriam de Lula. (Nayara Figueiredo, nayara.figueiredo@estadao.com)
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