Política
20/05/2018 18:55

FHC cobra mea-culpa do PSDB: 'Pessoas do partido se comprometeram com esse sistema corrupto'


São Paulo, 20/05/2018 - O PSDB deveria admitir que políticos da legenda também erraram, ao se comprometerem com esquemas de corrupção, e fazer um mea-culpa à nação. A avaliação é do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra do PSDB. Em entrevista ao programa Roberto D'Ávila, da GloboNews, transmitido na última sexta-feira, 18, FHC disse: "Acho que o PSDB deve autocrítica, porque pessoas do partido se comprometeram com esse sistema corrupto. Isso está errado. O PSDB precisaria dizer com clareza ao povo: 'Nós erramos também'."

Apesar da autocrítica, FHC destacou, no entanto, que o partido não foi tão corrupto quanto outros. E sem citar nominalmente o Partido dos Trabalhadores, destacou: "Não organizamos um mecanismo de manutenção do poder via corrupção, mas também temos nossos pecados."
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Na entrevista, FHC disse que a crise atual pode ser inédita na história do Brasil e que a saída é complicada. "Misturou muito as crises: a moral, a crise de estrutura partidária, a recessão econômica, o desemprego. A economia está começando a melhorar, mas e o povo? Que não consegue emprego, que o salário não alcança? Não sente assim. Então é o momento propício para o medo, insegurança." Em situações como essa, segundo o tucano, o povo recorre aos extremistas. "Quando há um momento de insegurança, de medo - da bagunça, da desordem, da crise, da violência, da economia incerta - eles querem agarrar uma boia. Pensam que a boia é a extrema-direita. Como também a extrema-esquerda. E não é".

Na mesma entrevista, FHC alerta para os riscos da extrema-direita. "Quem diz 'vou matar, vou arrebentar' não resolve. Você tem que conduzir o País para um certo rumo e convencer as pessoas de que o rumo é bom", declarou. Mais à frente, o ex-presidente prosseguiu com a ideia: "Você tem que aceitar a diferença e conviver com o outro mesmo que ele seja diferente, mas você não vai querer acabar com o outro pela eliminação. O que a extrema-direita propõe é acabar com o outro. Não é compatível com quem é democrata".

Reiterando seu apoio à candidatura presidencial de seu partido, o ex-governador Geraldo Alckmin, atualmente presidente nacional do PSDB, FHC o chamou de "ponto de equilíbrio nessa grande confusão" e listou algumas características que o presidente da República eleito em 2018 precisaria ter: "Acho que é preciso capacidade de aceitar o outro e de convencer, dialogar. Não só mandar. Mandão só pode ser quem tem a força real, e a força real é a militar. Não queremos isso". (Augusto Decker, especial para o Broadcast)
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