Política
18/04/2020 17:12

Bolsonaro: não depende de mim abrir o comércio; se dependesse, muito mais estaria aberto


Por Thaís Barcellos

São Paulo, 18/04/2020 - O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em live realizada em frente ao Palácio do Planalto e transmitida em sua página do Facebook, que a reabertura do comércio em meio à pandemia de coronavírus não depende dele. “Se dependesse de mim, muito mais coisa já estaria funcionando”, disse, em referência à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que estabeleceu que Estados e municípios têm autonomia para definir medidas de combate ao vírus.

“A maioria das cidades tem um caso disso aí. Fechou-se tudo completamente. Aonde vamos chegar? Não estou defendendo a economia, estou defendendo o emprego. Estou preocupado com vida, mas temos dois problemas, não podemos tratar só de um e do outro não. Já mudamos a política a partir de ontem, já começa a mudar um pouco a nossa política, mas se bem que a decisão foi do Supremo Tribunal Federal, que decidiu que Estados e municípios podem decretar as medidas que acharem necessárias para conter o avanço do vírus. Então tem prefeitos aí que cometeram barbaridades.”

Bolsonaro ainda afirmou que o Supremo disse que ele “não tinha autoridade para isso”, mas que, no que depender dele, vai começar uma flexibilização e mostrar que esse não é o caminho.

“Estão fazendo o que bem entendem e, na hora que chegar a conta, não queiram botar… Não é pra mim, é para o contribuinte. Ninguém sabe a quanto vai chegar a conta do ICMS e ISS. Estamos calculando que será muito acima, mas muito acima de R$ 100 bilhões. Não tem espaço para isso no Orçamento. Não é que se vire o chefe do Executivo. Se aqui nós quebrarmos, quebra o Brasil, os Estados estão muito mal das pernas. Falta humildade para essas pessoas que estão bloqueando tudo de forma radical. Volta atrás em alguma coisa, começar a abrir, com os devidos cuidados: luvas, máscaras, gel, seja o que for, campanhas educativas.”

Segundo Bolsonaro, há governantes espalhando “pavor e pânico” entre a população. Ele afirmou que tem ouvido das pessoas pedidos de volta à “normalidade”. “A voracidade de alguns políticos fechando tudo por aí, alguns até prendendo, é um ato abominável”, disse, citando a prisão de uma senhora em Araraquara (SP).

O presidente disse também que não há dados ainda nas mãos, mas que milhões perderão os empregos formais ou informais. “Estamos em uma situação complicada. Será que esse pessoal não vai entender? Não consegue parar de me atacar, chamar de genocida? Não vai entender que o que vai matar as pessoas para valer são as consequências do desemprego?” Quem está tomando essas decisões de bloqueio total não vê que, com essa queda de arrecadação, vai faltar dinheiro para pagar funcionalismo público?”

Bolsonaro ainda disse que desemprego causa mais violência, aumentando o trabalho da PM. Segundo ele, o Brasil está mergulhando em um “caos” e disse querer crer que não é pela vontade “desses políticos”. “Não vão conseguir me tirar daqui.”

Ele também falou que a realidade já conhecida era de que o vírus iria infectar 70% da população, além de manifestar que “essa imprensa só promove o caos”.

Depois, Bolsonaro desceu a rampa do Palácio do Planalto e conversou, separado pela grade e com alguns metros de distância, com um grupo que estava fazendo um protesto contra o aborto. Ele recebeu um quadro de Jesus e uma bandeira que dizia “Brasil Vivo Sem Aborto” e as levantou.

Contato: thais.barcellos@estadao.com
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