Política
13/09/2017 20:27

Lula: se eles estão com medo que eu possa voltar e me candidatar, é bom que tenham medo


Curitiba, 13/09/2017 - Em pronunciamento aos militantes que foram à praça Generoso Marques, no centro de Curitiba, poucas horas depois de prestar o segundo depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou os processos dos quais é alvo por suspeitas de corrupção como gancho para um discurso de forte teor eleitoral elencando tanto realizações de seus oito anos de governo quanto propostas para um possível terceiro mandato.

“Não sei quantos processos eu tenho. Não sei se eles vão cansar, eu não vou cansar. Se eles estão com medo de que eu possa voltar a me candidatar é melhor eles temerem porque vou provar que posso consertar este país", disse Lula.

Enquanto o ex-presidente falava, um helicóptero sobrevoava a praça carregando um letreiro luminoso exibindo frases de apoio à Lava Jato e combate à corrupção como “ninguém está acima da lei”, “a hora de todos os corruptos vai chegar”, “juntos com a Lava Jato queremos um Brasil limpo”.

Durante os quase 20 minutos de discurso, Lula não entrou no mérito do depoimento ao juiz Moro mas fez fortes críticas à Lava Jato. “Eu agora só quero que a Operação Lava Jato aqui de Curitiba, não o Ministério Público que é uma instituição que eu respeito, tenha a coragem de dizer: nós não temos provas contra o Lula, nós mentimos em relação ao Lula”, disse o petista. "Quem conta uma mentira uma vez é obrigado a passar a vida toda contando a mesma mentira para justificar." Argumentando ter "a verdade", dirigiu-se aos manifestantes dizendo que jamais mentiria a eles, 'jamais enganaria o povo'.

O ex-presidente afirmou ao público que o saudava que não era preciso ter preocupação com os depoimentos que tem que prestar à Justiça. Admitiu não estar acima da lei, garantiu que queria respeitar a Justiça e a Constituição, mas esperava que as pessoas que o acusam deveriam ir à TV para pedir desculpas. "Fico orgulhoso porque depois de mais dois anos investigando minha vida, gravando minhas conversas, não encontraram uma única verdade."

Segundo ele, seus grandes erros foram “sonhar” em “fazer a Petrobrás ser a maior petroleira do mundo”, incentivar a indústria naval nacional, o uso de energia limpa, “fazer uma empregada doméstica entrar na universidade, um filho de pedreiro virar engenheiro, fazer esta país ser respeitado no mundo”, pagar a dívida de 300 anos de escravidão com a África etc.

Lula chegou a ressuscitar trechos de discursos de outras campanhas ao dizer que o Brasil é “um país que ainda tem escravidão e trabalho infantil, em que a mulher ainda é tratada como objeto de mesa e cama”, peças de seus discursos na vitoriosa campanha de 2002.

“Não há na história de humanidade nenhum estadista que ousasse governar para os pobres e tenha resistido à sanha das elites perversas”, disse Lula.

Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública, mais de 60 ônibus trouxeram ao menos 2.400 apoiadores de Lula a Curitiba. O ex-ministro Gilberto Carvalho, um dos organizadores do ato, estimou o público em 4 mil pessoas.

Antes da fala de Lula, a presidente do PT Gleisi Hoffmann também fez uma forte defesa do ex-presidente. Disse que a cidade era também a "república da resistência aos ataques a Lula", que seus opositores não suportam a democracia e a participação do povo e todos os grandes líderes brasileiros sofreram as mesmas perseguições. "Se não querem Lula governando o País que apresentem um candidato para disputar com ele." (Ricardo Galhardo, enviado especial)
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